terça-feira, 10 de maio de 2011

outono

Adoro as manhãs,os meiodias e os ocasos desde o mês de abril.
Faz um friozinho abençoado,o que me deixa bem feliz.
 O que me encanta mesmo é a luz filtrada por uma névoa, que me coloca numa tela impressionista, numa página do Proust, com fundo musical do Satie ou numa catedral submersa
Tô tão artenuvoneana !
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Falando em franceses ainda (sempre).

Que encantamento é assistir Jacques Tati!
Lembro-me da Mére Cristol falando de Mon Oncle, num parênteses da aula de religião, há algumas décadas.

Fui ver o filme da mesma forma que eu ia à missa: dever de ofício.
Em alguns domingos, logo depois do almoço, eu rumava para algum cinema do bairro para a matinê.
Quando eu era menina todos os bairros tinham cinema, geralmente mais de um.

Ao voltar prá casa mamãe perguntava sobre o filme e eu narrava, com requintes de detalhes que beiravam a tortura, que ela recebia circunspecta,aprofundando vez que outra a ruga entre os olhos.

Não depois de Jacques Tati.

Senti que algo escapava à mamãe por falta de competência minha em falar do que vira.
Eu não sabia como descrever o que a tela mostrou ao apagar das luzes.
Narrei, mais ou menos na sequência, as aventuras do menino e seu tio mas havia todas aquelas nuances de cinza e os espaços vazios - tão diferente daquilo que Hollywood nos mostrava ...
Tambem a ironia fina que não se escondia nem mesmo ao olhar tosco de uma menina que começara o ginásio.
Pela primeira vez eu pude me identificar com uma personagem do cinema.
As comédias românticas traziam  heróis que eu achava velhos ou que tinham um jeito de viver tão diverso do tupiniquim, como as histórias de fada que eu lia.
Naquele tempo, dez anos "dopo guerra",eu não conseguia me aperceber do fim de um estilo de vida que Tati anunciava
A Paris nova ao som do jazz contrapondo-se à velha Paris embalada pelas canções ligeiras tão francesas...
 Há a poesia também, cada tomada é um verso e isso  impressinou a alma e a mente de quem se expunha ao olhar vago específico (expressão de Millôr Fernandes falando de conversa de mulher) desse cineasta francês.

Eu ganhei da filha Fal a coleção de filmes de Jacques Tati, por causa disso voltei à infância.

Foi assim...                                                             Então inté jacaré.

11 comentários:

  1. Olá, Rô alegria
    A honra em sermos amigas é toda minha. Pela sua inteligencia, graça, beleza, bondade, lealdade,ternura e mais um tantão de qualidades que nem cabem aqui.

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  2. Maliu, dei de presente pra Xu o Meu Tio do Tati. Por tudo que vc falou e pela crítica da estética desprovida de conforto e função achei que quem faz Design tinha que assistir.
    bejos!!!

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  3. olá Cris,querida,querida
    atendendo à sua sugestão vou falar de uma deusa mãe.

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  4. Maliu, que delicia seu blog.
    Jacques Tati é atemporal né?
    A gente assiste hoje e tudo ali é tão atual que parece incrível que ele tenha tido aquela ideia a tanto tempo.
    Beijo carinhoso de mais uma seguidora.

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  5. Ai, a curiosidade... às vezes queima o dedo mas, às vezes, faz descortinar um mundo novo. eheheh
    Vc que equeceu de clicar no botão ou é para manter as comentaristas em segredo, Maliu?
    Pode deixar para responder quando estiver me levando ao cinema ;c)

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  6. Claudio Louis,Le Dolphin
    meu amor eu inda ñ tô muito sabida neste instrumento,não sabia que cê tinha me honrado com
    sua visita

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  7. Gisa, ele foi profético mesmo né ñ?

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  8. olá suzi tudo tão bonito,tão agradável de
    e tão fundo de sentir

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  9. Cher Genebra
    fico bem vaidosa por ter um leitor de tão longe assim.

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  10. Que descrição maravilhosa, consegui vê-la :)

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  11. Olá Fatinha, que bom qué ter você por perto

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Olá, deixe seu recado para mim :o) Um beijo, Maliu