quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Suplício de Tântalo

Uma porção de expressões que nos vieram d'antanho
escondem sua origem.

Suplício de tântalo (assim mesmo, em minúscula)
passou a ser na linguagem corriqueira
uma forma de definir uma pena muito cruel,
muito dolorosa.

Vou contar de onde veio:

Havia um sujeito chamado Tântalo
que era amigo pessoal, dileto, do Zeus.

Era convidado pros jantares,
participava do carteado das quintas,
do aperitivo dos domingos e dos churrascos
da firma do Zeus, o Monte Olimpo, que eu desconfio,
devia ser uma firma de seguros
como era o Montepio antigamente.

Tântalo participava até dos banquetes
de ambrosia e néctar, a comida e a bebida
destinada aos deuses e tabú para o comum dos mortais.

Um dia querendo retribuir as gentilezas do Zeus,
Tântalo convida todos os olímpicos para uma festança.,

Às horas tantas, ele descobre
que todos os deuses dirão presença,
o que é raríssimo acontecer em qualquer festa
de qualquer anfitrião.

Pra ninguém deixar de ser servido
ele tem que botar mais água no feijão
e usa o filho, Pélope, pra completar o ragú.

Tântalo esquarteja a própria cria e o põe pra cozinhar.

Dizem os informantes que ele estava
testando a divindade do Zeus: queria saber,
se o Zeus ia se dar conta dessa manobra horrorosa.

Qualquer que seja o caso é de uma loucura
digna de cruzeiro infinito na Nau dos Insensatos.
E é quase isso mesmo que o Zeus pensa.

Condena o Tântalo a sentir sede e fome pra sempre.
Prende o maldoso num pé de romã e figo,
maçã e azeitonas, inclinado sobre um lago

O lago sobe e desce, obedecendo aos luares,
de tal forma que há vezes que a água ondula
sob seu lábio inferior, sobre seu queixo.

Quando Tântalo se inclina pra sorver a água,
esta se afasta e ele não consegue alcançar jamais.
Quando ele faz conchinha com a mão pra recolher um
gole, a água lhe escorre entre os dedos.

Os galhos da árvore estão carregadinhos,
tem todos os frutos já citados, em grande quantidade
mas cada vez que Tântalo estica a mão pra se servir,
uma ventania os coloca fora do alcance de sua mão.

Além disso tudo, há uma pedra enorme,
precarianente apoiada logo acima da árvore,
que ameaça a integridade do cranio
do Tântalo, o que deve ser un pouco aflitivo.

Todas essas penas, imputadas aos transgressores,
eram da alçada da Nêmesis, a deusa da vingança.

Acautelem-se, crianças, qualquer pecado será punido
e todas as ações são vigiadas.



foi assim... Até já!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dióscuros

Respondendo aos que perguntaram e
informando aos que não se manifestaram,
comecei a falar dos dióscuros em julho,
com o cisne e Leda, a Mamãe Gansa.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Da pá virada: Clitmenestra


Tem gente que afirma que foi rapto,
tem gente que diz que foi transgressão voluntária
das irmãs, que eram mesmo da pá virada,
quero dizer que, as moças deram porque
queriam dar e fim de papo.

A verdade é que na família da Helena
essa história de rapto é uma constante,
muito mais comum do que
estatíscamente ocorre nas demais famílias.

A Helena tinha uma irmã, a Clitmenestra.
Esta moça, que devia ser bem bonita,
casou-se com um rapaz chamado Tântalo.

Teve um menininho desse casamento
e era tipo uma senhora de engenho,
bem felizinha com sua vida.

Eis que Agamenon se aprochega,
mata pai e filho,
tornando Clitmenestra viúva e desconsolada.

Ato contínuo, rapta a Clitmenestra
e quase provoca uma segunda desgraça na familia
pois os irmãos da viúva, Polux e Castor
querem punir o raptor.

Daí, Tyndaro, o pai de todos(mas não muito)
conversa e acalma e consola
até dissuadir os Dióscuros dessa empreitada.

Não é pra menos, foi ele quem aconselhara
a Agamenon a cometer o rapto.

Pois bom, lá vai Agamenon prá guerra de Troia.
Bota um vigilante, Egisto,
prá pra contar qualquer deslize da mulher

mas deixa ali prá distraí-la,
pelo tempo que estivesse fora,
um artista, que toca instrumentos,
compõe canções, faz versos...
(não havia tevê a cabo nesse tempo)

Na verdade, o artista, vai vigiar o vigilante.

Resultado: os dois foram infieis.

Quando, Agamenon, o marido traido volta da guerra,
é morto por ordem de Clitmenestra e Egisto.

Acontece que o Egisto era casado
com uma vidente, de pouco sucesso,
chamada Cassandra com quem tinha filhos.

A Clitmenestra juntamente com Egisto
manda matar a Cassandra com sua prole,
casa-se com o viúvo e vivem felizes para sempre.
Muito curtinho, o tal do sempre.

Orestes, filho dela do segundo casamento,
(quando ela foi raptada, lembra?)
mata a mulher ingrata e o padrasto.

E a história se fecha.

Que família! E você ainda se queixa da sua?


foi assim... Até já!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Dióscuros: Castor e Polux


A Helena,a de Troia teve três irmãos nascidos de dois ovos.

Um ovo divino engedrado por Zeus. Outro ovo de Tyndaro.

O ovo de Helena era o divino e foi compartilhado por Polux.
O de Tyndaro conteve Clitmenestra e Castor.

Egressos dos ovos os quadrigemeos formaram paresinhos
como diz a antiga brincadeira de criança
"home com home mulhé com mulhé"

Os irmãos, Castor e Polux, tornaram-se inseparáveis.

São designados sob o ep´teto de Dióscuros:
Filhos de Zeus (Zios, Dios e Kouroi, homens jovens, adolescentes)

Hermes, como sempre o encarregado
das tarefas divinas mais delicadas,
carrega os dois para Pallene
para serem alimentados e educados.

Eles se comportam como heróis
livrando dos pirata todo o arquipélago,
daquela ilha onde foram instalados,

tornam-se argonautas de Jasão
participando da conquista do tosão de ouro,
resgatam Helena que havia sido raptada por Teseu.

Passam a ser considerado heróis marinhos
e são invocados nas tempestades.

Polux era o bambambam nas lutas,
Castor no hipismo e corria como o vento.

No entanto cometem uma besteira.
Tyndaro, o pai (de pelo menos um deles)
tinha um irmão, o tio Leucipo lá dos garotos,
cujo qual tinha duas filhas danadas de bonitas,
a Phoebe prometida a Linceu
e a Ilaire, prometida de Idas.

Já adivinhou?
Eles se lançam na empreitada de raptar as primas
e são perseguidos pelos ficantes,
briga daqui, batalha dali, luta por acolá,
Castor é morto pelo Lynceu.
Ele não era filho do Zeus, não era imortal.

O Polux vai lá e acaba com o Lynceu.
Finaliza, no jargão das artes marciais.

O Idas também golpeia o Polux
mas este era filho de Zeus. Era imortal, sabe como?

O Polux se recupera e vai pro Olimpo
pedir ao Zeus pai que ressuscite Castor.
Perda de tempo.
Zeus não pode atender a esse pedido,
porque ele divide a divindade com os irmãos.

Cada reino é de um irmão: Zeus no Olimpo,
Posídon nas águas e Hades no Hades.

Um não se mete nos dom´nios do outro.

Polux então resolve doar
metade da sua imortalidade pro Castor.

Resulta então que a cada seis meses
um deles vai para o Hades e o outro fica no Olimpo.

No céu a Constelação de Gemeos
tem duas estrelas principais, quando uma aparece
a outra se oculta e assim sucessivamente.

Com Polux e Castor também ocorre o mesmo.
Eles nunca mais se encontraram.


foi assim... até já!