quinta-feira, 30 de junho de 2011

Continua lindo....

É, eu sei. Progresso. Concentração populacional.Mais dinheiro.Aumento na demanda.Mais comércio.Mais moradias.Mais pessoas.Mais meios de transporte.De consumo.Escolas.Automóveis.Mercados.Lojas.Hospitais.
Farmácias.Laboratórios.Consutórios.Academias.Sacolões.Lanchonetes.Porquilos. Padarias...
A montanha. O sol. O mar?..É sal. É sul?
Como é que ele vai se arrumar pra continuar lindo, o meu Rio de Janeiro que eu sempre hei de amar?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Os Titãs

Os Titãs são a primeira leva dos filhos divinos no panteão grego.

Eram monstruosos na aparência,  desmedidamente fortes, terrivelmente feios e muito maus.
O progenitor, Urano, os enterrava um a um conforme iam nascendo.

Um dia o filho Chronos pegou uma espada e zapt! cortou o pinto do pai.

O esperma derramado se espalhou pela terra

preenchendo cada reentrância,

escorrendo em toda saliência,

demorando-se em cada platô,

formando assim  os rios,

lagos, cachoeiras e nascentes.


Produziu as árvores, as flores,

os pássaros, os peixes,

os sapos, as cobras e lagartos,

as conchas e caracóis, os insetos,

o bolor,

os animais de pêlo e teta.

A vida tomou  forma e
o planeta ganhou o aspecto  que quase vemos hoje em dia;

quando não tem asfalto e concreto.

                                                  então inté jacaré...

CÃES

 Eu gostaria de entender de verdade a alma dos cachorros.

Tive cães a vida inteira e sempre fiquei um pouco envergonhada quando me deparava com o olhar deles, absolutamente confiante, fixando meus olhos.

Sempre senti que oferecia menos do que eles mereciam ou precisavam.
O solene disso tudo é que eles nunca se importaram.


                                          então inté jacaré...                                    

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Hermes

Gosto do  Hermes.
Aquele deus, bonito como um deus.

Hermes era filho do Zeus e da Maia, a plêiade caçulinha, filha do Atlas.

É, aquele mesmo que carregava o mundo nas costas,
que naquele tempo, antes do Atlas virar elevador, inda era redondo.

.Só fica chato depois do Platão
(que era chato; plato. Se fosse rico seria pluto, com o L)

Diz a lenda que assim que foi tirado do útero e enfaixado,
como costumavam fazer com os bebes,
Hermes livrou-se das faixas e saiu pelo mundo.

Muito ousado, roubou um punhado de rezes
da manada que estava sendo cuidada por Apolo.

Enquanto fugia encontrou uma tartaruga da qual arrancou o casco
e fez com ela a primeira lira usando tripas para as cordas.

Foi pego, com a boca na botija, roubando os bois mas ele tocou sua lira com tal virtuosismo
que Apolo topou trocar os bois roubados pela lira mas Hermes quis também o caduceu de ouro do Apolo.

Depois roubou a flauta de Pã, cuja qual trocou com Apolo pelo cajado de ouro que este carregava.

Era um consumado e fascinante embrulhão, capaz de vender o Pão de Açúcar,
com bondinho e tudo, prum turista incauto.

Zeus, quando ouviu as artimanhas do Hermes divertiu-se tanto que fez dele seu negociador
para assuntos diversos,  pessoais ou Olímpicos, fazendo-o jurar
que não roubaria mais e diria quase sempre a verdade, quase toda.

Hermes recebe assim, as sandálias de ouro, com asinhas,
o que o faz veloz como o vento
e o elmo de ouro,com asinhas,
o que o torna invisível
e capaz de se localizar em qualquer geografia,
inclusive no escuro.

Ele estava sempre enredado nas patranhas,
mumunhas e confusões em que se metiam os deuses
Atendendo a pedidos ele relatava
as indiscrições das deusas e tambem vigiava maridos traíras

Viajava pelo mundo declarando paz,
 propondo tréguas,
defendendo e atacando pontos de vista,
assumindo as causas dos deuses,
sob seu proprio critério ou argumentando pelos interessados.

Em qualquer contenda, pra ter certeza da vitória,
era só botar Hermes como seu representante.
Era um articulador imbatível e foi emissário em muitas encrencas:

Foi ele quem negociou, com a bela Calípso
a libertação de Ulisses da ilha onde ele se encontrava prisioneiro,

matou o Argos dos cem olhos, que mantinha Ío prisioneira,

conduziu, para o desfile de gala, tres deusas
que disputavam a coroa de Miss Olimpo,

escoltou  Psiqué noiva, para o seu casamento com Eros,

levou o pobre do Prometeu para o castigo,

carregou Dionisos, quando era pequeno,
pra diferentes sítios, escondido da ira da Hera.

Embora fosse melhor diplomata que lutador,
ficou invisível e lutou ao lado de Zeus contra os gigantes.

Entre tantas façanhas que desempenhou,
por ser ele quem transitava melhor nos tres reinos
que não são o executivo, o legislativo e o judiciário mas
o Hades, o Oceano e o Olimpo,
recebeu a missão de ser psicopompo; aquele que transporta as almas para o Hades

Zeus o incumbiu de ser amigo dos homens
então ele ainda está por aqui
cuidando para que nos locomovamos como o vento,
transportando-nos pra outras esferas,
propiciando- nos invisibilidade
tornando-nos articulados,
oferecendo-nos música

ele agora se chama gigabyte....

                            então inté jacaré!

domingo, 19 de junho de 2011

Heróis

Se você está pensando em ser um herói

são estes os passos a serem seguidos:

Se seu pai for divino, sua  mãe deve ser humana,

ou sua mãe é uma deusa então seu pai é que é mortal.  

Você deve ser concebido de forma extraordinária ou seu nascimento é esquisito,
ou ambos.

Você terá pais de criação.

Viverá uma infância obscura.

Só teremos notícias suas quando sua função heróica começar.

Tem que ficar sob a guarda de um mentor muito sábio.

Você vai começar a se revelar em circunstâncias fortuitas.

Vão por em dúvida suas habilidades heróicas.

Seu heroismo vai salvar uma população inteira, ou pessoas muito importantes
da morte, ou de castigos inomináveis.

Terá um inimigo figadal.

Algum dos seus atos heróicos deixarão em você um sinal reconhecível e indicativo do seu status.

Em dado momento você vai merecer reconhecimento geral e irrestrito.

Vai pecar por hibris, recebendo castigo mais ou menos severo do panteão.

Levará uma traição pelas fuças, possivelmente de alguém próximo.

Como resultado dessa traição,  você vai morrer.

Vai entrar no mundo dos mortos e sairá de lá impávido e colosso.

Sua morte será cercada de circunstâncias bizarras ou trágicas.

Sua eternidade está garantida.

Suas façanhas serão cantadas pelos bardos e repetidas pelo povo, com admiração e reverência.


Proponho um jogo:

encaixe nesses passos os heróis que você conhece.

Eu sugiro alguns:

Harry Potter,
      Hércules,
   Moisés
Teseu,
  Superman,
        Alvin e os Esquilos,
 Batman,
     Peter Pan
             Os Donald e os Mouse do Disney

e outros, dos quais cada um pode se lembrar ou escolher ao seu bel prazer...

P.S. Claro que alguns passos poderão ser sobrepostos ou distanciados
ou não constantes em determinadas sagas
mas se a maioria for encontrada você estará diante de um herói.

P.S. Só por trilharem alguns desses passos, certas personagens recebem tratamento de herói, porque heróis são arquétipos, vivem nas nossas almas e quando nos deparamos com essas características, reconhecemos o herói imediatamente e frequentes vezes nos enganamos.

PS-obrigada a Paulo Cândido e Pedro Vitiello pelos palpites. Eu os incorporei contrita e grata.


                                 então inté jacaré...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Orfeu e Eurídice

Tem mitos que dão samba.

Muitos deles já foram e confiem, muitos ainda serão, mostrados pela Broadway, Royal Ballet e

ai meu santo Stanislaw Pontepreta, pela Sapucaí e sambódromos!

Quando o Vinícius de Moraes convidou Tom pra musicar sua  adaptação da lenda de Orfeu e Eurídice

Tom perguntou, sob o olhar horrorizado dos circunstantes "Mas, tem um dinheirinho nisso aí?"

É que ninguém pensaria em rejeitar um trabalho

ombro a ombro com o Poetinha, nem que fosse como voluntário,

nem que fosse somente pra servir de escabêlo para o conforto dos seus pés.

Pois bom; acertado o compromisso entre ambos ganhamos, prazam os deuses,

Orfeu da Conceição, também alcunhado Orfeu do Carnaval, também conhecido como Orfeu Negro.

Foi, em 1956, uma peça de teatro levada ao palco

do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A montanha. O sol.  O mar.

Depois virou filme. Duas vezes.

O primeiro ousado a compor um musical sobre Euridice,

foi Jacopo Peri em 1600,

sobre poema de Ottavio Rinuccini

e música adicional de Giulio Caccini

que parece, conseguiu emplacar sua melodia

com o poema do Rinuccini uns tres anos antes.

O Peri se juntou a Jacopo Corsi,

um músico e formador de opinião  pelos meados de 1500

e resolveram que o jeito de fazer música já não andava lá muito bem das pernas,

que o Palestrina não estava com aquela bola toda e tal...

e resolvem dar uma de Camerata Florentina na moçada

e deu no que deu: eles foram responsáveis

pelo show na festa de casamento

de Maria de Medicis com o Henrique IV da França.

Em seguida veio a do Monteverdi que fez L'Orfeo, que tinha montão de instrumentos de sopro e cordas e tudo...

enquanto a do Peri, era mais voz e coro

e é considerada a primeira ópera do jeito que entendemos hoje.

Mesmo sendo o momento de apresentação das polifonias, muitas vozes, muitos instrumentos,

para a revivência helênica que pretendiam

eles escrevem monodias,  uma voz com o instrumento acompanhando na surdina,

pois queriam que a plateia compreendesse, sem sombra de dúvida, as frases declamadas.

Essas monodias desembocaram nas árias, das quais nos lembramos ao pensar numa ópera específica. 

Cristoph Willibald Gluck escreve a sua ópera Orfeo e Euridice, com  libreto de Ranieri de Calzabigi.

A estreia italiana foi em 1762 e recebeu uma versão francesa: Orpheu et Eurydice, em 1774 com libreto de Pierre Louis Moline

Conto tudo isso, porque assim como ocorre com as pessoas,

parece que há obras, de qualquer gênero,

que tem como destino uma carreira brilhante.  Quer ver?

Além dos caras importantes que estão lá, fundando a renascença na música,

tem o Gluck  de meados pro fim do século XVIII

que já está se chegando no romantismo

e que tem uma adaptação posterior

da sua ópera  sob regência de Louis  Hector Berlioz,

que tem como braço direito Camille Saint -Saens,

numa orquestra que tem o  Jules Massenet como trompetista.

com as danças coreografadas pelo Marius Petipa,

que com esse nome não poderia ter outra profissão.

A nossa lenda de Orfeu e Eurídice foi musicada pelo Tom Jobin,

com libreto de Vinícius de Moraes,

sendo encenada com Tom Jobin ao piano e ao violão Luis Bonfá,

o cenário era do Oscar Niemeyer...

Precisa mais?      Mas tem !

 Eles tiveram de meados pro fim da década de 1950,

o mesmo peso cultural, penso eu,

que os responáveis pela encenação do mito de Orfeu e Eurídice

tiveram em cada montagem. 

Os nossos formadores de opinião

tupiniquins contemporâneos,

estavam fundando uma nova expressão cultural

uma nova linguagem,

oferecendo, de novo e de novo, um jeito inaugural de ver a vida

como vimos fazendo desde que nos pusemos de pé vislumbrando o horizonte mais distante...

Ah,  convencionou-se que esse período devia se chamar  bossa-nova

mas  teve expressão paralela em quase todo o mundo ocidental  judaico cristão capitalista

provando que zeitgeist é uma realidade inconteste.

Aproveitem a interpretação do inigualável Agostinhos dos Santos
na abertura do filme "Orfeu Negro"  na versão original :

                                                      ...então inté jacaré!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tragédias

Somos atraídos pelas tragédias.

Cada vez que um acidente acontece, forma-se uma fila de carros ao lado dos veículos envolvidos

e cada motorista estica o pescoço na direção do sinistro
na esperança de ver detalhes horrorosos do ocorrido.

As histórias infantis são crivadas de perigos  que vão sendo superados um a um
para que não se tornem desgraças
mas estas ficam pairando sobre as cabeças dos heróis durante todo o desenrolar da ação

Jõao e Maria, A bela Adormecida, Chapeusinho Vermelho, Peter Pan e por aí vai...

As óperas raramente tem final feliz,

os gregos foram craques em contar tragédias e descrever com maestria o mais que humano na fundação da tragédia

As salas de espera de hospitais e ambulatórios tem o burburinho de vozes mais animado que coquetel de vernissage,

porque as pessoas ficam por alí descrevendo seus episódios trágicos com ênfase e devoção.

A descrição das tragédias dimensionam os perigos que corremos e mostram com diferentes roupagens os monstros que carregamos "in side",

sejam eles o cancer, as artérias entupidas, a zanga fenomenal, o desejo de matar,

 o medo irracional,a vontade de morrer e todas as fantasias de destruição.

As canções infantis também situam os monstros: o tutú marambá, o boi da cara preta, a canoa  virou, o veneno em cima do piano...

Enfim, todos os perigos e  desgraças  iminentes com os quais temos que lidar, desde a infância mais tenra,
a cada dia da nossa mais ou menos extensa vida.

As tragédias nos mostram que podemos manter sob controle os diabos que nos carregam e em certa medida, afastar de nós os demônios alheios... 

Nossa atração pela desgraça é uma forma a mais que desenvolvemos para nos manter sociáveis e compreensíveis

O complicado é quando se perde a noção do comum e a tragédia fica usual, trivial, normal...


                                         então inté jacaré

sábado, 11 de junho de 2011

Canções napolitanas

Minha bisnona cantava.

Repetia e repetia, num registro incompatível com a voz humana,

frases longas e comovidas.

Ela contava que as gôndolas ficavam amontoadinhas à volta do teatro,

próximas á  porta e sob as janelas de onde se podia ouvir o espetáculo.

Quando saiam do teatro, nas noites de ópera, os gondolieri que os conduziam,

cantavam a plenos pulmões as árias masculinas, enquanto remavam.

Com ela também havia códigos.

Não sei se os nomes das canções estarão corretos

mas me lembro dos estribilhos e dos momentos em que eram entoados.

Ao crochetar, à velocidade da luz,

ela cantava árias de Verdi, Puccini, Rossini;

Lazzarella, era quando ela batia o bolo de goteira;
 
Funiculi-funicula, era pra fundear, com o polegar, os capeletti;

com a massa já cortadinha, sobre o tampo da mesa da cozinha;

O Sole Mio abrindo a massa da pizza;

Santa Lucia, fritando os cicciricciara...

Um dia, do outro lado da mesa, em que ela preparava o almoço de domingo, eu perguntei:

Nona por que a senhora não canta música italiana?
Io tô cantano!
Nona, a senhora não me disse que essas eram cançonetas napolitanas?
Ah! ... ma  non tem música italiana, ô tem opera,  ô tem cançoneta!...

E olha que ela era de Verona...


Estou ilustrando com vídeos que me alegram e porque eu estou aprendendo a botar imagens.

Se você não gostar das imagens, não faz mal. Eu acho napolitano dificílimo então se liga na tradução.


A versão dos Muppets com o "famoso" tenor Plácido Flamingo....

Arrivederci, per favore alligatore

canções

Meu pai cantava.

Sua voz era redonda, macia, as divisões antigas, e seu respirar muito correto obedecia às frases  já demodê.

Criamos uma espécie de código que as cançôes significavam desde minha mais remota infância: "vamos dormir","não fica triste", "tá tudo bem!","cê pisou na bola","eu tô zangado( preocupado, feliz)", "vamos podar as roseiras".

Já adulta, passei por uma dor inconciliável com a vida, impotente, eu recostava a cabeça no seu ombro e pra me consolar, ele ficava carinhando meu cabelo enquanto cantava serestas, sambas de breque, caipiranças...

Agora, com certa frequência, eu penso as músicas do nosso código, quando a situação se apresenta.  A voz dele canta para mim todas as vezes.


                                                       então inté jacaré...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fogueira

Muito, muito,antigamente a fogueira tinha a função de iluminar, de aquecer e de afastar as feras

e de juntar os moradores de um certo lugar á sua volta pra ouvir coisas já passadas, a saga dos deuses, as epopéias heróicas...

Naquele tempo não tinha palitos de fósforo, nem isqueiro bic, nem fogão com acendimento automático.

Desenvolveram-se tecnicas para deixar o braseiro encoberto, com cinzas e terra, de forma tal que quando precisavam acender a fogueira a tarefa ficava simples.

As tradições eram transmitidas através das conversas dos velhos da tribo, á noite,

sentados à roda, aquecendo-se ao fogo,

ombros e pernas encostados nos vizinhos assentados ou acocorados, catando piolho.

A luz bruxuleante iluminava mal a aldeia e as faces

tanto do narrador quanto dos ouvintes,

tornando tudo mais intenso, mais real, mais próximo.

Ao longo do tempo continuamos contando histórias, quase sempre à noite.

Com esse fim inventamos o teatro, as canções, as danças, a escrita.

Com o livro as descrições passaram a ser  de um contador de casos, para um indivíduo por vez,

gerando um caráter de mistério só permitido pros iniciados, não fomentando o espírito gregário.

Aí retornamos prá fogueira.

Tivemos o rádio, em torno do qual se juntava a família e talvez algum agregado.

O cinema voltou a juntar os nativos em torno de um foco central

com os assistentes no escuro, recebendo uma história,

ombros se tocando, eventuamente pernas se tocando.

Não sei dos piolhos, mas antes dos inseticidas modernos, partilávamos pulgas cinematográficas, sim senhores !
A televisão, principalmente ela, também juntou o grupo em torno de um contador de lendas...

São comportamentos atávicos:a horda reunida, dividindo calor, assegurando-se proteção,

mantendo o grupo coeso, inteirando-se da sua história.

O computador, tal como o livro fez um dia,

isola o sujeito que recebe a narrativa

e exige uma linguagem específica, captada somente pelos os iniciados.

                                        
                                                                               então inté jacaré...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

coisas...

A grana do vizinho é sempre mais verde.

Fiquei tão furioso que chupei o pau da barraca.

Em terra de olho quem tem um cego...Ih errei !

Sociedade de pães castores alemães  (cães pastores)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Píramo e Tisbe

Havia duas famílias que moravam nuns sobradinhos geminados lá pelos lados da Babilônia.

Casais recém casados, com a vida toda pela frente, muito animados, vizinhos de porta; ficaram amigos.

As jovens senhoras davam-se bem, dividiam as tarefas rotineiras:  iam juntas às compras,
ajudavam-se a arrumar armários, colher flores,
partilhavam almoços, trocavam receitas,
cuidavam dos cabelos uma da outra

e os jovens senhores cuidavam do gramado juntos,
emprestavam-se ferramentas,
iam juntos à pelada do bairro,
revesavam-se na churrasqueira,
cotovelavam-se quando a boasuda do 416 passava rebolando.

Os anos foram se passando, ambos os casais já tinham suas crianças,
um guri Píramo do sobradinho da direita de quem vem
e Tisbe uma garotinha, da esquerda.

As crianças cresciam juntas, brincavam, estudavam,
acompanhavam os vizinhos nas férias da família,
vez em quando dormiam na casa uma da outra.
Enfim uma vidinha bem corriqueira...

Um dia, por dá cá  aquela palha os adultos brigaram.
Solenemente, de dar o dedinho e tudo.

Tá de mal? Come sal!
Nem te ligo farinha de trigo!

As crianças foram proibidas de se ver.
Não tem mais Hoppi Hari.
Não tem mais almoço na casa dos avós um do outro...
Nem dividir aluguel em casa na praia durante a temporada...
Acabou! e nem vem com essa birra que não vai adiantar.

Pois bom, as crianças foram adolescendo e
possívelmente porque a grama do vizinho é sempre mais verde
eles queriam muito saber um do outro.

Os pais não deixavam que eles se falassem
mas eles se viam entrando ou saindo de casa,
vislumbravam-se através da cerca do quintal e foram se enamorando.

Um dia Píramo decide falar com Tisbe e faz uma fresta na parede geminada.
Ah! eles conseguem conversar por alí.

Sussuram sobre a injustiça da decisão dos adultos em afastá-los, e
confessam seu amor todas as vezes que conseguem falar através da parede.

Mas não é suficiente.

Querem se tocar, olhar-se nos olhos,
sentir-se livres.
A tensão cresce tanto que um dia combinam encontrar-se.

Disfarçadamente cada um sai de casa e vai pro lugar combinado,
junto á uma fonte, debaixo de uma amoreira que
se cobria de frutinhas tão brancas que semelhva neve.

Tisbe chega antes porque o Píramo se enrolou lá com alguma coisa.

Quando ela se instala na beira do chafariz,

vê que uma leoa tambem vai pra lá pra beber água e

que tem o focinho e as patas cheios de sangue

de alguma caça que havia comido fazia pouco.

Não tem medo por saber que a leoa estava saciada mas não dá sopa pro azar.

Embrenha-se no bosque ali perto esperando por Píramo

Na escapada deixa cair a capa que a leoa vê esvoaçar e deixa-a em tiras.

Píramo chega quando a leoa está deixando a fonte.
Deduz que fôra Tisbe que a leoa matara,
quando vê a capa estraçalhada e ensanguentada no chão.

Não suportando a morte de seu amor, que ele acredita ter sido por sua culpa,
trespassa seu coração com a espada.

Tisbe sai do bosque e entende o que se passou.
Tem ainda tempo de beijar o amado e mergulha a espada no próprio peito
oferecendo-se assim o mesmo destino que Príamo.

Os deuses com muito dó do que acontecera
tingem os frutinhos de vermelho da cor do sangue do namorados.

Alguma semelhaça com uma história posterior não é mera coincidência.

foi assim !                           então inté jacaré...

Belo Adormecido

O Endimião era o Colin Firth lá dos gregos. Bonitíssimo, boa praça e tudo mais.


Um dia, distraida como quê, a Lua, Selene lá pra eles,

descobre aquele moço tão lindo, desperdiçando sua boniteza

no meio das ovelhinhas que ele pastoreava,

sim,bonito mas pobre  e

decide mandá-lo com recomendação muito especial

para a agência de modelos Ford...

NÃO! confundi tudo...

Resolve deitar-se com ele e adormece o mancebo.

Endimião nunca mais acordou.
 
Nas noites de lua cheia ainda o vemos aninhado no coração de Selene.


Só para ilustrar o que falei das histórias de amor serem sempre a mesma

esta canção já  é do nosso folclore  mas
foi composta por Zé do Norte e Zé Martins

Lua Bonita se tu num fosse casada
eu arranjava uma escada pra ir no céu te beijar
e se colasse meu frio co' teu calor
pedia a Nosso Senhor pra nos dois
vir nos casar

Lua Bonita me dá um aborrecimento,
ver São Jorge num jumento pisando teu c'larão!
Por que casaste com um home tão sizudo
que dorme, come, faz tudo dentro do teu coração?

Lua Bonita meu São Jorge é teu senhor
e é por isso que ele vive pisando teu explendor,
Lua bonita se ouvisses meus conselho,
vais ouvir pois sou alheio,
quem te pede é o meu amor.

Deixa São Jorge no seu jubaio amontado
e vem cá para o meu lado
 prá gente viver sem dor

Deixa São Jorge no seu jubaio amontado
e vem cá para o meu lado
pra viver do meu amor.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A quem interessar possa II

De quando em vez, o comentário desaparece

no transporte do gerenciador para o blog,

ou some depois de postado, de forma inexplicável...

Desculpem o transtorno, a bagunça e o barulho;

estamos trabalhando para melhor servi-los      


então inté jacaré

                                                 

domingo, 5 de junho de 2011

Namorados

Vou tentar escrever somente histórias de amor nestes dias que antecedem o dia dos namorados.

Todas são conhecidas : às vezes por outro nome, ou descrita por autores consagrados,

ou adaptadas para o teatro, para o cinema, contadas pela avó,

ou citadas em canções e poemas, constando da tradição de diferentes povos...

As histórias de amor são as que acabam por envolver mais

os pensamentos, os sentimentos e as emoções das pessoas.

A gente acaba descobrindo que todas as hist´rias de amor são a mesma história.

De vez em quando a narração inventa um final feliz.

                                                                   então inté jacaré...

Brunhilda

Como eu contei outro dia Odin era um pai muito amoroso e muito justo.

Tinha como filhas diletas as Valquírias,

que eram louras bonitíssimas, castas e dedicadas ao pai e

às suas tarefas no Asgard, o mundo lá deles..

Elas tinham o dever de se manter puras porque era esse o desígnio de Odin.

Acontece que a carne é fraca e o espírito compadece...

Brunhilda a menos loura de todas elas...(com isso quero dizer que ela não sumia de vez sob a luz do sol, ficava um "pentimento")

pois bom , ela se encanta por um guerreiro -que ainda não havia morrido-

e ele se deslumbra pela Brunhilda.

Lá pelos arredores da Ygdrasil, a árvore sagrada do Asgard,

tem uns matinhos,

umas bancas de madeira,

uns troncos velhos tombados pelos caminhos,

vários canteiros macios de diversas folhagens e flores cheirosas.

Em várias encostas, há umas grutas discretas e muitto aconchegantes,

(com espelhos estratégicos e serviço de quarto)

ou seja; muitos recantos aprazíveis pra namorar.

É o que eles fazem:

põem-se de beijinhos e carinhos sem ter fim e

vão perdendo um pouco a compostura,

vão ficando mais ousados acreditando que estão seguros.

Claro que Odim, o Deus Maior,

Envolto num vestido plúmbeo de nuvens e um capuz azul do céu.
 
que trocou um olho pra ter o dom da onisciência,

fica sabendo dessa transgressão e resolve punir a valquíria Brunhilda.

A punição para essa falta é a morte.

As valquírias são irmãs, nenhuma tem autoridade formal de

comando ou representação sobre as outras,

no entanto a valquíria Gertrude se sente  protetora das demais e

quando Odin declara a sentença,

Gertrude se interpõe e pede a Odin para reconsiderar.

É claro que ele não faz isso: Palavra de Deus não volta atrás. 

Esse trecho na ópera é impressionante pois sob as vozes de Odin e Gertrude

ouve-se o leitmotif do fogo que será o tema seguinte

e a orquestra repete e repete a tal frase ameaçadora.

(o ar como que se dobra nesse momento e sentimos um vento cortante
a nos ferir, não é força de expressão a coisa é física)
 
Brunhilda então é poupada, Odin decide que ela não morrerá.

Porque é um deus muito justo,

mas muito bom e ama profudamente suas filhas,

Odim decreta que Brunhilda ficará eternamente

adormecida em uma cama envolta em chamas...

Há, nos Alpes, o cimo de um monte que no outono,

por causa do ângulo de incidência dos raios do sol na neve,

parece, aos olhos de quem vê,

que o pico da montanha está pegando fogo.


Esse monte é chamdo de Leito de Brunhilda.


foi assim!                    então inté jacaré...


PS. minha eterna gratidão a minha querida  Mestra  Nelly Dutra

Brasília

Saímos de S.P. atrasados, claro!

O avião taxiou por tanto tempo que a Fal acreditou que iríamos por terra.

Chegamos em Brasília por volta da quatro da tarde e o aeroporto estava cheio.

A esteira exibiu a bagagem do nosso voo depois da de todos os demais aviões que aterraram nos horários próximos ao nosso, claro!

Mas a tarde estava linda!   por-do-sol em Brasília né?

céu limpo, horizonte vermelho, fúccia, coral, amarelo, berilo,  uau!

Estava à nossa espera Arthur, the Brasília´s King:  bonito, gentil, alto,moreno e pontual.

Brasília não é mais aquela.

Um trânsito de cidade velha, pouco lugar pra estacionar,

multidões andando pela rua,

out doors aos montes escondendo a arquitetura e

limitando a amplidão.
 
Artur levou-nos pro Hotel St Paul. Pequeno, clarinho, limpo, funcionários gentís, quarto moderno e...varandinha!

Nós duas cansadinhas de marré-de-si.

Depois da alegria de matar saudades de velhos amigos;

ficamos na varanda, namorando a cidade iluminada e laaarga e vasta e espalhada,

que ainda se oferece ao olhar como um amante sedutor,

então banho, café com leite no quarto e cama!
 
            Sobre o dia seguinte conto depois.          então inté jacaré!