Minhas avós, tias avós e bisavós, sobretudo minha mãe,
e as mulheres mais velhas na vida das minhas amigas,
despertam em mim admiração de devoto fanático.
Enquanto elas estavam na fase da procriação,o mundo não lhes oferecia as facilidades contemporâneas
de tecnologia,
de locomoção,
de informação,
de comunicação ou
de cura e prevenção de doenças
Sequer se reconhecia os mais básicos direitos do vivente.De qualquer vivente.
As mulheres tinham que trabalhar dezoito horas por dia, prá cuidar de uma família mediana,
às vezes mais, atendendo ás gripes, febres com diferentes etiologias,
estrepes no pé, picada de abelha e outras mazelas prosaicas
mais ou menos frequentes.
Montavam cardápios cuidadosamente balanceados
sem ter tido sequer uma aula formal de nutrição,
cozinhavam com as próprias mãos de fada cada prato, não havia o "por quilo":
a refeição era preparada pra servir a cada vez,
não havia congelamento doméstico, nem o congelado do super mercado,
muitas casas não tinham nem geladeira (e nós estamos num pais tropical! )
as frutas, verduras, graõs, enfim a comida
não sofria tratamento transgênico pra durar mais,
nem borrifos agrotóxicos contra parasitas,
não havia os recursos atuais para a consevação e armazenamento.
.
A mesa era posta quatro vezes por dia, e com guardanapo de pano,
não havia Klean:
e guardanapo de papel era "gauche"
as toalhas cobriam a mesa inteira, tinham geralmente bicos crochetados
pelas mãos de fada da rainha do lar,
ninguém usava jogo americano,(não era higiênico)
O chão era limpo com cêra e muque ,sobre os joelhos da rainha.
As casas eram caiadas, internamente, uma vez por ano,
a senhora da casa participava da operação,
quando não caiava ela mesma as paredes.
Quando a senhora tinha qualquer possibilidade financeira,
contava com alguma ajuda:
a da lavadeira, que buscava a trouxa de roupa suja
e devolvia limpíssima, passada e dobrada,embrulhada como um presente,
no lençol do casal preso com grandes alfinetes prateados.
A da babá,que geralmente era uma menininha(de oito ou nove anos)
mal paga, prá brincar com as crianças,
(o que oferecia à mãe mais tempo para cuidar da casa.)
A da costureira, que ia uma vez por mês
virar colarinhos e trocar punhos das camisas e blusas,
cortar mangas compridas já gastas,
remendar o que estivesse puído,
fazer roupinhas pras crianças com retalhos,
ajustar roupas dos mais velhos para os mais novos,.
ou aumentar pros que tinham crescido,ou engordado,.
ou então a rainha do lar cumpria ela mesma essas tarefas
e ainda costurava seus próprios vestidos, tricotava, bordava...
Não se comprava roupa pronta,tudo era sob medida,
socorro deuses do consumo! não havia shopings?
Uma ou duas vezes por mês a rainha ia à cidade pra maratona:
pagar água, luz, gás, imposto,
prestação da casa e de algum eletro doméstico adquirido e
cada uma dessas contas tinha seu guichês de recebimento
na sede da própria empresa, em lugares distante uns dos outros.
Claro que ela aproveitava prá comprar alguma coisa necessária
pra casa ou pra família
tecido, lãs e linhas, meias, luvas, sapatos, copos e pratos, chapéu...
aquilo que era impossível fazer com suas mãos de fada.
E ela se desincumbia de tudo isso de salto alto,anáguas engomadas, combinação
e sem o auxílio luxuoso de um pandeiro...
Essa espécie está extinta já faz é tempo...
Este é um estudo paleontológico aproximado,
necessitando de pesquisa mais acurada...
mas em linhas gerais é isso aí.
então inté jacaré...
viagem no tempo para mim, adorei :)
ResponderExcluirBjo
Isa Alecrim,Meu bem cê parece a Fal! não para de trabalhar...
ResponderExcluirbeijinhos sem fim.
Evoé...
"Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura".
ResponderExcluirSe você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER. Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.“
Li o texto acima hoje e ele me lembrou de seu texto aqui.
Beijos
Pedrão