sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Por um fio

O sujeito se chamava Dionisio.
(Não confunda com o deus).
Ele era importante paca: era o primeirão da lista da Forbes do sec. IV a.c.

Tinha tudo o que se podia desejar:
o último modelo de biga esporte, de quadriga cupê,
na marina tinha, ancorado, o maior barco trirreme
com cabines confortáveis para dezoito hóspedes e toda a tripulação.

Esta afinal não ocupava tanto espaço,
já que ficava acorrentadinha no porão,
presa a uns bancos estreitos e com os pés molhados.

Dispendiosos eram os sujeitos da timba, batucando dia  e noite,
que o tal Dionisio tirou de  quartetos de jazz e custavam seu peso em ouro...

Ele era rico mas era econômico;
enquanto os percussionistas marcavam o ritmo pros remadores,
também suingavam pra alegrar os convidados.

Ele tinha um palácio cheio de quartos mas o dele era isolado por um fosso;
ele retirava a ponte quando entrava nos seus aposentos
para impedir a entrada de qualquer outro pagão.

Dizem que ele só permitia, que fizessem sua barba e cabelo,
suas filhas pequenas mas quando cada uma  delas chegava
à idade de ter idéias malévolas no uso da lâmina afiada,
ele a substituia pela seguinte, mais jovem.

Quando a caçula cresceu, ele passou a tosar barba e cabelo
com nozes em braza. Ui!

Ele era mesmo um déspota muito impiedoso,
o que lhe dava a desconfiar, que algum insatisfeito súdito,
poderia se insurgir contra sua tirânica maldade

Mas como todo o poderoso que se preza,
ele tinha bajuladores escancarados e descarados.

Vai daí, que durante uma festa, um tal de badalo chamado Dâmocles
declamando os bens que Dionisio possuia,
revela a imensa cobiça que cultivava pela fortuna de seu anfitrião.

Imaginem a paranóia do Dionisio como ficou destemperada.

Ele então, oferece a Dâmocles todos os confortos e luxos possíveis,
mantem-no cercado de criados e criadas prontos para serví-lo
mas pendura sobre a cabeça do invejoso,
num fio fininho, uma espada afiadíssima!

Claro que este, atarantado, não consegue pensar em mais nada.
Fica no meio de todos aqueles objetos de desejo
em desespero, temeroso por sua vida.

Deixando de cantar em verso e prosa a felicidade de que Dionísio era possuidor,
Dâmocles implora pra voltar à sua antiga situação: pobre mas limpinho.

C.Q.D.
Dionisio prova ser um pobre menino rico. Maluco e infeliz...

E a tortura que ele inventou, faz parte da edição da Forbes até hoje...
Quantos bonitões sorridentes em suas páginas,
mantem-se ali,
com as espadas sobre as nossas cabeças.

                                     Foi assim!            Até já...

Situações

A cidade foi construida há priscas eras na cratera de um vulcão.
Foi frequentada pela corte portuguesa,
a concentração de enxofre de suas águas é tal.
A população flutuante é x e no inverno x+y.
A altitude do pico mais alto é de tantos metros
e o volume d'água de cada uma das cachoeiras
é comparável a uma quantidade enorme de caixas d'água por aí a fora.

Nada disso define uma cidade.
Isso é conversinha de guia feita pra você esquecer daí a meia hora.

O cotidiano de cada grupo e a rotina de cada pessoa é que explicam um lugar.

Levantar-se, dar café pra família,
encarar o dia de trabalho, ir e vir da empresa,
sentar-se à noite e  jantar, o que assiste na televisão,
que comentários faz, o que ocupa seu tempo,
sua atenção, suas finanças, seus olhos e ouvidos,
o que lhe arranca suspiros ou muxoxos..

A citações  de guerra costumam exibir as batalhas,
suas sequências e consequências.
Claro, são esses episódios os responsáveis pela vitória ou derrota do tal embate.

A impressão que se tem é que só fatos monumentais propõe a vida.

Ninguém se lembra da população comum
que continua envolvida nas suas tarefas vulgares,
dormindo à cada noite e acordando todas as manhãs
numa mesmidade beirando o tédio,
sem possibilidade de sair do apelo da vida,
que  os obriga a viver e continuar a despeito
do cenário, dos bombardeios, das fardas amassadas
mal cobrindo a empáfia dos invasores...

Nada não!
É que o moço da padaria veio entregar os víveres e eu não pude evitar estas considerações inúteis.

                                               até já!

Volta Bela!

Sinto falta de falar dos deuses.

Quando era menina me voltava sempre ao Monteiro Lobato e relia o Minotauro,
As Viagens da Dona Benta, A Chave do Tamanho.
Eram esses os meus favoritos.
Eu precisava confirmar que, o que eu tinha entendido, era aquilo mesmo.

Agora com o Blog tem sido a mesma coisa.
O que eu conto é o que eu entendi dos mitos e então eu preciso falar deles.
De cada um.
Repetir vez que outra; comentar diversos aspectos das suas existências;
reproduzir o olhar de algum mitógrafo,
comentar a interpretação de diferentes mitólogos...

Tenho sentido saudades destas conversas e sofro pela minha ausência do Panteão..

Vam' ver se a despeito do Zé eu volto a estabelecer uma rotina de escrita
Obrigada a quem escreveu, mesmo eu não dando as caras.

Esse é o outro lance de estar aqui:
"vanitas vanitatem" (mais ou menos  "a vã vaidade")
Claro que me sinto honrada pelos apelos(adoro uma aliteração)
dos "vorta, bela!" que recebi.

Encabulada, de olhos fitando as mãos, cedo às instâncias.

Parafraseando a Lucy do Charlie Brown  " A mitófila está".

                                        Até já!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

010.010

Tive dez mil e dez visitas!

Obrigada a todo mundo que gentilmente lê, que segue, faz comentários
e generosamente indica.

Sou a sexagenária mais orgulhosa dos blogs.

Não importa que sejamos especialistas em generalidades,
se tem o sexagenária apostrofando, viramos autoridade...

Cá entre nós acho que seria mais movimentado ser sexygenária...

Obrigada de novo. Volte sempre. Estamos às ordens.
                      
                                            até já!