segunda-feira, 2 de maio de 2011

Chá da tarde .

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Não havia na minha infância tantos livros quantos estão disponíveis prás crianças hoje em dia,
assim as editoras publicavam edições adaptadas
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Foi dessa forma que eu li uma porção de clássicos: A Ilha do Tesouro,
Robinson Crusoé (era escrito assim mesmo), As Viagens de Gulliver, A  História do Mundo para Crianças, Novelas Extraordinárias e mais outros e outros porque eles eram conformados a diferentes idades.

Resumida e facilitada Alice entrou na minha vida e nunca mais saiu.
Relutei um pouco a assistir a versão do Tim Burton mas acabei capitulando.

A angulação desse diretor, mesmo mantendo passagens da narrativa de Lewis Carrol,
mostrou  o olhar, experiências e descobertas comuns à adolescência.

Não só ele faz a mocinha fugir do compromisso firmado pelos pais:
a ruptura com as normas familiares de comportamento e
o estabelecimento do  seu  próprio código,
(o que se configura como rebeldia)
mais a transposição de um punhado de dificuldades severas,
dando a Alice um caráter heróico:
ela salva o reino e se liberta nesse processo.
 
Os  jovens mitológicos têm sempre tarefas assombrosas para cumprir
com o agravante de não conhecerem  a si mesmos,
nem os entraves do caminho,
nem as armas e recursos com que podem contar.
Foi assim com Perseu, Teseu, Héracles, Thor, Hawhata, Philipe, Arthur,asValkírias e por aí vai.

Pois bom, todos os perigos enfrentados pelos adolescentes
tem função e gravidade de rituais de passagem:
só se tornam adultos aqueles que
cortam a cabeça do monstro,
que mudam o curso do rio,
que com as mãos nuas cavam um túnel na montanha ,
que arrancam a espada da pedra,
entre outras façanhas mais ou menos exigentes.

Alice tem lá  suas tarefas,
desencumbe-se delas aos trancos e barrancos,
na maior parte do tempo não compreende nada do que está acontecendo e
tudo se passa num ambiente estranho,
com cores de mistério e ritmo de sonho.

Isso remete você a algum período da sua vida?
(É, eu sei,  mas acho que houve um momento em que essas sensações foram mais intensas.)

A caracterização das personagens recorda-me as figuras que a minha imaginaçâo infantil criava  ao ler o livro o que deve atestar a generalidade delas.

Foi assim, decidi assistir  ao filme de má vontade e fui agradávelmente surpreendida.
Baixa espectativa: é esse o segredo das boas surpresas.

Visitei Alice, mais uma vez, e ela me recebeu para um chá...            
                                                                                   
                                                                                          Então inté jacaré...



 

13 comentários:

  1. :)) É como lhe digo, minha querida, o mundo precisa de si...

    Mas olhe, será que todos os adolescentes matam os seus monstros? Tenho pra mim que a gd maioria mata os monstros lá pros 40 anos... Por isso que a gente anda aqui a bater com a cabeça nas paredes uma vida inteira, sem entender nada...
    A falta que fazem verdadeiros rituais de passagem... tenho pensado nisso... e por acaso esta história da Alice vai ao encontro da conversa sobre Hillman, não vai?
    Bjo, minha querida, é um privilégio poder lê-la...

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  2. Isa, minha querida filha portuguinha, eu considerei que há um momento mais inteso: a gente continua matando monstro a vida inteira.

    Bi: Tem tanta louça suja na pia...

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  3. Concordo, continuamos matando monstros a vida toda, eu mato um por dia, e assim que mato um surgem mais dois, vindos não sei de onde. Me recebe pra um chá também? (Pode ser chimarrão?)

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  4. Silvana, sempre terei chá aqui para você.

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  5. Isa môbem, tornando mais claro,lá no texto eu considerei que há uma fase na qual estamos mais confusos,mais heróicos, mais vulneráveis mas há também quem,como eu, q tá nessa até o amargo fim

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  6. Não tenho dúvidas, minha querida, que matamos monstros a vida toda. Falava apenas daqueles monstros cabeludos, que nos atrapalham a vida mais do que os outros e estão diretamente ligados ao cordão umbilical, não sei se me explico...

    não sei se fará tanto sentido aqui como faz na Europa do Sul, já que aqui o pessoal casa e sai de casa cedo, qd comparados connosco...

    :))
    Bjo gd

    PS: acho um verdadeiro escandalo que o meu blog não esteja na listinha do lado. Amuei. Fal, depois de lavares a loiça... faxavor, sim?

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  7. Isa, a culpa e absolutamente minha e nada da mamãe. Eu fui fazendo os linques de cabeça, nega, vc sabe o que isso significa: dois neurônios sem dentritos em busca de uma conexão sináptica suja. Perdão, já arrumei.

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  8. ai isa, se te consola, fiz alguma merda e sumi com o blog de todo mundo. ai caralho. amanhã u vejo isso.

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  9. ahahahaahha, claro que a responsabilidade é tua, eu sabia... :D

    Não, não me consola não. quero ver lá o meu e os outros :P

    Bjo, queridona.

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  10. Maliu!!!
    Que delícia que vc virou blogueira também!!! Obaaa. Adorei a novidade.
    Já to te seguindo.
    E eu concordo com a Isa que nem todos matam os monstros qdo adolescentes. Sei não viu?
    heheh
    bjos amada...

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  11. Alessandra môbem,
    mas se ñ fossem uns monstrinhos que graça haveria?


    Isa,alecrim doirado
    Cê v~e queu tô consegindo té confundir a Fal.Mais um risquinho no meu teclado.

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Olá, deixe seu recado para mim :o) Um beijo, Maliu