segunda-feira, 23 de maio de 2011

Uma Casa na Serra

A tarde estava gostosa com aquele sol raquítico filtrado pela névoa do outono.

A estrada estava quase livre e pelo caminho conversávamos de quase tudo., da bolsa linda que estava sozinha na vitrine, das oscilações da bolsa de valores, aos discursos em defesa de falar errado e suas implicações.

Vez que outra uma de nós indicava algum ponto na estrada: uma luz fugidia, alguma árvore florida, o portão de algum sítio.

Fazíamos trocadilhos e piadas de quase tudo e puxamos do fundo do baú situações vividas várias décadas atrás      .As tristes e as engraçadas.

Num determinado trecho fizemos uma conversão e cerca de dois quilómetros além, entramos na mata por um caminho que só os iniciados poderiam encontrar.

Dali, rodamos algumas centenas de metros por um declive pedregoso e  fizemos uma curva aguda.

O possante volquesvaguem encarou uma íngreme picada na montanha,  estreita e escavada pela chuva.

O cheiro do mato invadia nossos cérebros, refrescando nossos narizes e nossas almas.

Uma espécie de silêncio denso e camarada nos aninhou.

O carro rodou cerca de tres quilometros de caminho ascendente por dentro da floresta e imbicamos diante de um portão de ferro largo, de desenho simples que deixava ver uma casa pintada em bege rosado, que tem em todas as quinas, lindas trepadeiras floridas.
 
Entramos numa varanda elevada que dá prum gramado muito verdinho
cortado de alamedinhas guarnecidas por
plantinhas de folhagens de diversas cores e algumas ladeadas por flores.

E as árvores!...Logo na entrada um plátano adulto largo e solene se debuça sobre o quintal.
À esquerda, longinho da casa há um grupo de árvores velhas e duas delas, pareadas, formam uma espécie de portal que dá acesso à mata.

A casa é uma versão facilitada de uma casa na Úmbria. Formal, despojada mas acolhedora.

Logo que chegamos Silvia calçou longas galochas amarelas e foi para o jardim molhar suas flores, arrancar as pragas, vigiar o crescimento delas.

Nós a acompanhamos porque o entusiasmo dela ao cumprir essa tarefa é de contagiar.  Eu e a Sandra quisemos desfrutar daquela alegria

Do jardim rumamos pra horta e repetimos a operação limpa,  rega, despragueja, rega...

Depois nos sentamos na varanda e lemos reportagens dos jornais e artigos das revistas umas prás outras, leituras essas entremeadas de longos silêncios e manducando prazerozamente frutas cheirosas e coloridas..

Jantamos sopa de pijama e robe quentinho e meias de lã coloridíssimas.

Depois das abluções melecamos  a cara  de creme antieige.
Então botamos um filminho no vídeo e enroladinhas em mantas macias,bebericamos um tinto encorpado e o filme passou e nós não assistimos por termos assuntos na pauta .

É eu sei, ninguém quer detalhes do fim de semana de tres velhas, completamente despido de aventura ou glamour.

Não é do passeio que eu estou falando.É da amizade

Velhas amigas, só elas, permitem que mesmo não dizendo nada haja total harmonia no convívio
.
Só com velhos amigos podemos ocupar o lugar que nos pertence ou partilhar qualquer espaço sem constrangimento, sem explicações.

Depois de bodas de ouro de amizade não nos sentimos encabulados pelos nossos vexames, nossas gafes, nossas idiotias, nossos sonhos.

Permitimo-nos total intimidade e confessamos nossos erros ou calamos sobre os enganos uns dos outros,

Podemos ser submissos aos velhos amigos e podemos ditar o que eles devem fazer de suas vidas.

 Velhos amigos testemunharam nosso passado assim confirmamos pra nós mesmos que nossas lembranças são fatos e não fantasia.

Pra termos velhos amigos não precisamos  ser tão velhos assim mas temos que ter uma história comum;
que nos mantenhamos  próximos pela confiança , pela generosidade, pela lealdade e claro, alguns segredos    partilhados, certo tempo de constâcia e convivência.

Voce só constroi grandes amizades,  sólidas e valiosas, se voce  for torcedor fiel  do seu amigo, e isso implica em quebrar lanças por ele, em aceitar suas manias e fobias, em defendê-lo contra os desafetos, e gostar dele aceitando-o como ele é.

.Não critique o seu amigo não em público nem em particular. Claro que voce pode opinar mas seja delicado, amoroso, atento. Nada fere mais que crítica de amigo querido.

É seu amigo que garante  que voce vale a pena, que é bom ter voce por perto (ou de longe) que voce é digno de amor.

Se voce estiver em dúvida sobre o que fazer do seu futuro  eu sei o que: faça um amigo.


Eu sei que tem ranço de aconselhamento mas eu tenho alguns amigos e é tão bom que eu gostaria que todo mundo os tivesse.

                                               então inté jacaré.

10 comentários:

  1. Lindo hino à amizade, minha querida. Bjo enorme

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  2. Ol,Isa Alecrim
    Voce é minha miguinha,oque muito me orgulha.

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  3. Então, em breve, seremos VELHOS amigos!!!

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  4. Claudio Louis Le Dolphin,
    meu amor, você é tão especial que eu já me sinto sua amiga, quanto a velha...é redundância, né?
    copiando Pedrão:fique tranquilo crocodilo

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  5. Gostei do passeio e mais ainda da amizade :) E amizade rejuvesce, não é?
    Beijão!

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  6. Sealvia Floresta e Campina,
    Sempre que a Silvia ruivíssima me convida prá sua "casa na Úmbria" eu topo porque é bonita, agradável,
    cheira mato e tem vento nas árvores.
    O melhor é que tem Silvia.

    Fica na boa jacaroa.

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  7. Cara Marly , teu blog está lindo e agradável de ler . O fundo ficou mto legal PARABÉNS .
    Adorei a Casa da Umbria e é mto bom quando vamos lá nè ???Uma beijoca e boa viagem para Brasília .
    SUCESSO para a BIBI
    Silvia

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Olá, deixe seu recado para mim :o) Um beijo, Maliu