Somos atraídos pelas tragédias.
Cada vez que um acidente acontece, forma-se uma fila de carros ao lado dos veículos envolvidos
e cada motorista estica o pescoço na direção do sinistro
na esperança de ver detalhes horrorosos do ocorrido.
As histórias infantis são crivadas de perigos que vão sendo superados um a um
para que não se tornem desgraças
mas estas ficam pairando sobre as cabeças dos heróis durante todo o desenrolar da ação
Jõao e Maria, A bela Adormecida, Chapeusinho Vermelho, Peter Pan e por aí vai...
As óperas raramente tem final feliz,
os gregos foram craques em contar tragédias e descrever com maestria o mais que humano na fundação da tragédia
As salas de espera de hospitais e ambulatórios tem o burburinho de vozes mais animado que coquetel de vernissage,
porque as pessoas ficam por alí descrevendo seus episódios trágicos com ênfase e devoção.
A descrição das tragédias dimensionam os perigos que corremos e mostram com diferentes roupagens os monstros que carregamos "in side",
sejam eles o cancer, as artérias entupidas, a zanga fenomenal, o desejo de matar,
o medo irracional,a vontade de morrer e todas as fantasias de destruição.
As canções infantis também situam os monstros: o tutú marambá, o boi da cara preta, a canoa virou, o veneno em cima do piano...
Enfim, todos os perigos e desgraças iminentes com os quais temos que lidar, desde a infância mais tenra,
a cada dia da nossa mais ou menos extensa vida.
As tragédias nos mostram que podemos manter sob controle os diabos que nos carregam e em certa medida, afastar de nós os demônios alheios...
Nossa atração pela desgraça é uma forma a mais que desenvolvemos para nos manter sociáveis e compreensíveis
O complicado é quando se perde a noção do comum e a tragédia fica usual, trivial, normal...
então inté jacaré
Olá Isa Alecrim,
ResponderExcluirInda não falei da sombra mas já cheguei perto,né não? beijinhos e carinhos sem ter fim.
:) ainda não falou da sombra literalmente, mas neste post bem que a senti a espreitar :)
ResponderExcluirVai ao encontro do que falámos noutro dia, a gente precisa dessas coisas para termos onde nos agarrar. Mesmo que seja a algo pouco estável e menos esperançoso. cada um com o seu cada um.
Adorei o post, como sempre.
Bjo gd da portuga :)
É bem isso mesmo, "tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor".
ResponderExcluirOlá Silvaninha dos Pampas
ResponderExcluirNós não aceitamos conselhos mas usar as situações disfarçadas é conosco mesmo! Beijinhos e carinhos sem ter fim
Olá Isa Alecrim,
ResponderExcluirSó pra ilustrar o que cê disse (e tendo a sombra á espreita) o sujeito tá bebendo pra esquecer um amor e concli: "quanto mais bebida eu ponho,mais cresce a mulher no sonho, na taça e no coração..."
beijinhos e carinhos sem ter fim
Maliu, você tem toda razão em relação à trivialização do trágico — ou na banalização do mal, outra de suas manifestações. Mas tem o outro extremo, que não deixa de levar a lugares tão ruinzinhos quanto. Me refiro ao olhar contemporâneo em relação ao sofrimento e à felicidade, como se o primeiro pudesse ser extinto e o segundo pudesse ser permanente e devesse ser buscado a qualquer preço. O máximo que se tem conseguido com essa fórmula é um bando de gente desaparelhada para lidar com a frustração e as dores inerentes à condição humana... Como desenvolver "anti-corpos existenciais" se o que se prega é um tipo de assepsia sequer encontrável em laboratório? Bora pra rua, pé descalço, olhar nos olhos dos outros, beijo-abraço-e-aperto-de-mão, né?
ResponderExcluirBeijo pra ti e outro pra Falzita
Olá Ricardo,
ResponderExcluirEu concordo com você em cada palavra. Penso mesmo que suas considerações explicam algumas das razões para a incompetência de amar das pessoas,o alienação em todas as áreas e o apêgo ao que não tem valor intrínseco tipo marcas e modismos.
Grande, pertinentíssimo pitaco!!! Beijocas minhas e da Fazita