Muitos deles já foram e confiem, muitos ainda serão, mostrados pela Broadway, Royal Ballet e
ai meu santo Stanislaw Pontepreta, pela Sapucaí e sambódromos!
Quando o Vinícius de Moraes convidou Tom pra musicar sua adaptação da lenda de Orfeu e Eurídice
Tom perguntou, sob o olhar horrorizado dos circunstantes "Mas, tem um dinheirinho nisso aí?"
É que ninguém pensaria em rejeitar um trabalho
ombro a ombro com o Poetinha, nem que fosse como voluntário,
nem que fosse somente pra servir de escabêlo para o conforto dos seus pés.
Pois bom; acertado o compromisso entre ambos ganhamos, prazam os deuses,
Orfeu da Conceição, também alcunhado Orfeu do Carnaval, também conhecido como Orfeu Negro.
Foi, em 1956, uma peça de teatro levada ao palco
do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A montanha. O sol. O mar.
Depois virou filme. Duas vezes.
O primeiro ousado a compor um musical sobre Euridice,
foi Jacopo Peri em 1600,
sobre poema de Ottavio Rinuccini
e música adicional de Giulio Caccini
que parece, conseguiu emplacar sua melodia
com o poema do Rinuccini uns tres anos antes.
O Peri se juntou a Jacopo Corsi,
um músico e formador de opinião pelos meados de 1500
e resolveram que o jeito de fazer música já não andava lá muito bem das pernas,
que o Palestrina não estava com aquela bola toda e tal...
e resolvem dar uma de Camerata Florentina na moçada
e deu no que deu: eles foram responsáveis
pelo show na festa de casamento
de Maria de Medicis com o Henrique IV da França.
Em seguida veio a do Monteverdi que fez L'Orfeo, que tinha montão de instrumentos de sopro e cordas e tudo...
enquanto a do Peri, era mais voz e coro
e é considerada a primeira ópera do jeito que entendemos hoje.
Mesmo sendo o momento de apresentação das polifonias, muitas vozes, muitos instrumentos,
para a revivência helênica que pretendiam
eles escrevem monodias, uma voz com o instrumento acompanhando na surdina,
pois queriam que a plateia compreendesse, sem sombra de dúvida, as frases declamadas.
Essas monodias desembocaram nas árias, das quais nos lembramos ao pensar numa ópera específica.
Cristoph Willibald Gluck escreve a sua ópera Orfeo e Euridice, com libreto de Ranieri de Calzabigi.
A estreia italiana foi em 1762 e recebeu uma versão francesa: Orpheu et Eurydice, em 1774 com libreto de Pierre Louis Moline
Conto tudo isso, porque assim como ocorre com as pessoas,
parece que há obras, de qualquer gênero,
que tem como destino uma carreira brilhante. Quer ver?
Além dos caras importantes que estão lá, fundando a renascença na música,
tem o Gluck de meados pro fim do século XVIII
que já está se chegando no romantismo
e que tem uma adaptação posterior
da sua ópera sob regência de Louis Hector Berlioz,
que tem como braço direito Camille Saint -Saens,
numa orquestra que tem o Jules Massenet como trompetista.
com as danças coreografadas pelo Marius Petipa,
que com esse nome não poderia ter outra profissão.
A nossa lenda de Orfeu e Eurídice foi musicada pelo Tom Jobin,
com libreto de Vinícius de Moraes,
sendo encenada com Tom Jobin ao piano e ao violão Luis Bonfá,
o cenário era do Oscar Niemeyer...
Precisa mais? Mas tem !
Eles tiveram de meados pro fim da década de 1950,
o mesmo peso cultural, penso eu,
que os responáveis pela encenação do mito de Orfeu e Eurídice
tiveram em cada montagem.
Os nossos formadores de opinião
tupiniquins contemporâneos,
estavam fundando uma nova expressão cultural
uma nova linguagem,
oferecendo, de novo e de novo, um jeito inaugural de ver a vida
como vimos fazendo desde que nos pusemos de pé vislumbrando o horizonte mais distante...
Ah, convencionou-se que esse período devia se chamar bossa-nova
mas teve expressão paralela em quase todo o mundo ocidental judaico cristão capitalista
provando que zeitgeist é uma realidade inconteste.
Aproveitem a interpretação do inigualável Agostinhos dos Santos
na abertura do filme "Orfeu Negro" na versão original :
...então inté jacaré!
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