Havia duas famílias que moravam nuns sobradinhos geminados lá pelos lados da Babilônia.
Casais recém casados, com a vida toda pela frente, muito animados, vizinhos de porta; ficaram amigos.
As jovens senhoras davam-se bem, dividiam as tarefas rotineiras: iam juntas às compras,
ajudavam-se a arrumar armários, colher flores,
partilhavam almoços, trocavam receitas,
cuidavam dos cabelos uma da outra
e os jovens senhores cuidavam do gramado juntos,
emprestavam-se ferramentas,
iam juntos à pelada do bairro,
revesavam-se na churrasqueira,
cotovelavam-se quando a boasuda do 416 passava rebolando.
Os anos foram se passando, ambos os casais já tinham suas crianças,
um guri Píramo do sobradinho da direita de quem vem
e Tisbe uma garotinha, da esquerda.
As crianças cresciam juntas, brincavam, estudavam,
acompanhavam os vizinhos nas férias da família,
vez em quando dormiam na casa uma da outra.
Enfim uma vidinha bem corriqueira...
Um dia, por dá cá aquela palha os adultos brigaram.
Solenemente, de dar o dedinho e tudo.
Tá de mal? Come sal!
Nem te ligo farinha de trigo!
As crianças foram proibidas de se ver.
Não tem mais Hoppi Hari.
Não tem mais almoço na casa dos avós um do outro...
Nem dividir aluguel em casa na praia durante a temporada...
Acabou! e nem vem com essa birra que não vai adiantar.
Pois bom, as crianças foram adolescendo e
possívelmente porque a grama do vizinho é sempre mais verde
eles queriam muito saber um do outro.
Os pais não deixavam que eles se falassem
mas eles se viam entrando ou saindo de casa,
vislumbravam-se através da cerca do quintal e foram se enamorando.
Um dia Píramo decide falar com Tisbe e faz uma fresta na parede geminada.
Ah! eles conseguem conversar por alí.
Sussuram sobre a injustiça da decisão dos adultos em afastá-los, e
confessam seu amor todas as vezes que conseguem falar através da parede.
Mas não é suficiente.
Querem se tocar, olhar-se nos olhos,
sentir-se livres.
A tensão cresce tanto que um dia combinam encontrar-se.
Disfarçadamente cada um sai de casa e vai pro lugar combinado,
junto á uma fonte, debaixo de uma amoreira que
se cobria de frutinhas tão brancas que semelhva neve.
Tisbe chega antes porque o Píramo se enrolou lá com alguma coisa.
Quando ela se instala na beira do chafariz,
vê que uma leoa tambem vai pra lá pra beber água e
que tem o focinho e as patas cheios de sangue
de alguma caça que havia comido fazia pouco.
Não tem medo por saber que a leoa estava saciada mas não dá sopa pro azar.
Embrenha-se no bosque ali perto esperando por Píramo
Na escapada deixa cair a capa que a leoa vê esvoaçar e deixa-a em tiras.
Píramo chega quando a leoa está deixando a fonte.
Deduz que fôra Tisbe que a leoa matara,
quando vê a capa estraçalhada e ensanguentada no chão.
Não suportando a morte de seu amor, que ele acredita ter sido por sua culpa,
trespassa seu coração com a espada.
Tisbe sai do bosque e entende o que se passou.
Tem ainda tempo de beijar o amado e mergulha a espada no próprio peito
oferecendo-se assim o mesmo destino que Príamo.
Os deuses com muito dó do que acontecera
tingem os frutinhos de vermelho da cor do sangue do namorados.
Alguma semelhaça com uma história posterior não é mera coincidência.
foi assim ! então inté jacaré...
Maliu, genial... genial... genial...
ResponderExcluirEstou me referindo a todos os posts, não só este.
Olá Claudio Louis Le Roi, Le Dolphin, L'Etat
ResponderExcluirsua opiniaõ me deixa pimpona, sempre, obrigada
beijinhos e carinhos sem ter fim.
Eu nem sei te dizer o quanto estou amando essas histórias. Tenho comentado pouco mas lido sempre, e é sempre uma delícia e um deleite....
ResponderExcluirOlá Silvaninha Amada,
ResponderExcluirQue bom! Fico vaiddosíssima com sua aprovação
e diverte você taõ está bem
b eijinhos e carinhos sem ter fim.
que lindo... Umas preciosidades estas histórias. Bonitas, bonitas de verdade.
ResponderExcluirBjo enorme e saudoso :)
Olá Isa querida
ResponderExcluirSão lindas sim e tem o valor adicional de serem consagradass nos dois sentidos né? Eu gosto de encontrar o pareamento de diferentes mitos em diferentes narrativas ew diferentes tradiçôes,Ha um mitólogo que afirma que todea brincadeira de criança foi um ritual em algum momento.
Beijinhos e carinhos sem ter fim.
Adoro seu blog porque tem de "um tudo". Brilho, humor, informação e até insight!
ResponderExcluirbeijão grandão
Marinaide
Olá Marinaide Náiade do Mar,
ResponderExcluirEu acho muito bom que seja divertido, mas vou contar um segredo: divulgar mitologia foi um compromisso que assumi com minha Mestra, assim eu me sinto grata porque quando leem eu estou cumprindo minha promessa.
Beijinhos e carinhos sem ter fim...