quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Hefesto

Hefesto, aquele que brilha de dia.

Tem toda a minha simpatia, o Hefesto. Os adictos sempre têm
Qualquer que seja a adição, qualquer cigarro, drinque,  pico ou comprimidos, chocolate ou ginástica
e qualquer grande amor.
Hefesto era totalmente apaixonado pela Afrodite dos gregos,
Venus lá dos Romanos
Ela a mais bonita das deusas, ele o mais feio dos deuses.
Claro que se casaram.

Como se sabe, os ferreiros eram mancos, tinham cicatrizes muito feias,
ou lhes faltavam dedos e outras partes do  corpo como a orelha, um olho...
se nós temos marcas de batalha por picar cebola e estrelar ovos,
imagine no fogaréu de uma forja e no malhar da bigorna como é que ficaríamos?

Não é só isso.
Frequentemente o ferreiro tinha marcas
da sua dedicação á causa da guerra por ter lutado
e não somente pelos acidentes sofridos na oficina obscura de seu povoado.

Os ferreiros, não raras vezes, haviam sido bravos guerreiros.
Tivessem sido fracotes não teriam perdido só um pedaço de si mesmos...
Seus ferimentos os tornavam incapacitados para o serviço militar
mas não para a vida civil,
como rezam as dispensas do exército até hoje.

Por sua intimidade com os campos de batalha,
com a luta aguerrida no enfrentamento corpo a corpo,
sabiam das necessidades dos soldados
tanto no ataque quanto na defesa.

Eram portanto mais competentes para desenvolver e fabricar
o arsenal bélico apropriado e resistenste, melhor do que qualquer outro,
o que era uma baita vantagem contra os oponentes.

Assim os deuses ferreiros da maioria das mitologias são coxos e feios,
escandalosamente fortes porém sensíveis.
É preciso sensibilidade para cuidar do semelhante, oferecendo a ele os meios de obter sucesso.

Um sucesso que angariava a boa vontade dos chefes tribais
e das casadoiras de plantão
e que ele, ferreiro, não mais obteria.

Excetuando Thor, é claro !

Só pra ter pé na situação;
veja quantas personagens se nos apresentam
e nos cercam por toda a vida
e que carregam esse mesmo jeitão do arquétípo que comove... 

A Fera da Bela, o Quasímodo da Notre Dame, o Cirano de Bergérac,
todos os órfãos das narrativas inglesas dos 1800,
o dono da Escrava Isaura, o médico da Inocencia, os palhaços, os piratas, os vampiros
e os cafajestes (e as piriguetes) com quem nos deparamos na nossa caminhada
e aos quais mais à miúde do que deveríamos, entregamos nosso coração,
e acreditando em sua conversa, carregamos sua bandeira.

A exemplo do que foi feito nos Heróis,
tentemos encaixar nesses paradigmas alguns circunstantes.
Assim nos damos conta de que
o pecado original não mora ao lado, nasceu mesmo conosco.

Seu outro nome é " que grande engano!"
a pessoa não era o ferreiro, mas nós já nos ferramos...


                                            foi assim...                até já !

3 comentários:

  1. "É preciso sensibilidade para cuidar do semelhante, oferecendo a ele os meios de obter sucesso."

    "Tivessem sido fracotes não teriam perdido só um pedaço de si mesmos..."

    ai, ai, nunca mais me esqueci da frase que lhe atribuí, cuidado com a ditadura dos falsos fracos. Constou inclusive do meu tcc ;)
    é este o arquétipo? nao sei nada de arquétipos, mas ainda nao perdi a esperança :D


    Ah, minha querida, quanta saudade... Uma inspiração, vc é sempre uma inspiração.
    Gd beijo

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  2. "O inferno é se esquecer..." aiai, tão verdadeiro quanto o seu contrário :D
    Bjooooooo

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  3. Olá Isa Alecrim,
    Que bom que serviu pro seu ensaio,o bom de falar muito é que eventualmente dizemos algo
    aproveitável.
    E pra mim que devo honrar Mnemisine, o inferno é se esquecer( ou o trauma, ou a neurose)

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Olá, deixe seu recado para mim :o) Um beijo, Maliu