segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Jurasí

Experimento uma certa dificuldade com os deuses egípcios e  hindús.

A teogonia deles é intrincada demais para os meus parcos neurônios,
já desgastados, neste ato da ópera.

A Mitologia Latininoamericana, no entanto, traz alegria ao meu desgastado coração.

Claro que não caiu do céu por descuido,
a lenda da fonte da eterna juventude, vulgarmente conhecida como Eldorado.
(Que não ficava exatamente na Venezuela,
como poderão pensar os vaidosos de hoje
tendo em vista o resultado de mágico rejuvenecimento,
que se vê em quem veraneia por lá. Pitangui fez mesmo escola...)

É mais ou menos assim a versão original:

Havia uma princesa que não envelhecia.
Ela já havia se casado muitas vezes.
Seus maridos iam recebendo rugas, cãs brancas, juntas rijas e memória fraca,
vista curta e gengivas longas, raciocínio e metabolismo prejudicados

mas a princesa continuava fagueiríssima.
Fresca como o orvalho da manhã.

Pela enésima vez ela deve se casar.
Escolhe como marido um rapaz muito jovem dentre os da sua corte:
pele morena, músculos no lugar, dentes brilhantes, olhar vivaz,
farta cabeleira negra e lisa, que ele prendia numa tira trançada de capim cheiroso

Ele tinha constante interesse em aprender,
grande disposição pra descobrir o mundo,encantava-se ao conhecer pessoas...
Seu desempenho nos jogos era perfeito e sua resistência quase ilimitada.

Ele se sentia muito orgulhoso por ser o paradigma da juventude saudável.

O casal era visto em todos os lugares da moda, caros e exclusivos,
faziam cruzeiros carregando uma entourage enorme, frequentavam resorts,
eram vistos mostrando-se bem felizes nas festas importantes,
dançando até a orquestra exaurir-se de tocar.

Foi assim  por muito tempo até que ele percebe
que a passagem dos anos é vista em sua própria aparência
enquanto a princesa continua louçã.

Não disposto a perder seus atributos de encanto
ele decide descobrir que segredo é esse, que a princesa esconde tão direitinho,
que a mantém jovem enquanto a idade começa a pesar nos ombros do muchacho. 

Ele a segue determinado e desconfiadíssimo
até  ver que ela sobe uma encosta
de um monte qualquer dos Andes, perdendo-se na vegetação.

Ele se confunde nas veredas, enlameia-se até os joelhos,
lanha-se nos galhos que não enxerga, no rumo do seu rosto e corpo,
pra não perder a mulher de vista

assim descobre que ela se banha num poço formado pela junção de vários regatos
que descem a montanha e que, naquele ponto,
encontram um olho d'água que oferece água cristalina e quente.

Ele deduz que aquele banho misterioso é responsável pela louçania da esposa
e começa a se valer desse spa tão eficaz.

Um dia ele se distrai e é surpreendido pela princesa, antes mesmo de
se refestelar na bacia de pedra,

bravíssima por ver seu banho conspurcado por outrem,
ela grita assustando a passarada e provocando eco nas montanhas

"Jurasí, jurasí!"
que significa fervente, fervente!

a fonte ferve e cozinha o marido incauto.

A água nunca mais deixou de ser fervente
e a princesa perdeu, para sempre, seu banho de beleza.

Deve ser por isso que a espanholada não encontrou o Eldorado,
que aliás é uma outra história

que eu pretendo contar "con quel che resta della mia giventù"

                                    foi assim...          até já!

2 comentários:

  1. ela voltouuuuuuuuuuuuuu, ebaaaaaaaaaaaaaaa!

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  2. Olá Bela
    Voltei pra rever os amigos que um dia,eu deixei a chorar de alegria...(pela partida?) Nunca entendi bem esse verso.
    Obrigada querida,é sempre uma alegria esaa sua torcida.

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Olá, deixe seu recado para mim :o) Um beijo, Maliu