Experimento uma certa dificuldade com os deuses egípcios e hindús.
A teogonia deles é intrincada demais para os meus parcos neurônios,
já desgastados, neste ato da ópera.
A Mitologia Latininoamericana, no entanto, traz alegria ao meu desgastado coração.
Claro que não caiu do céu por descuido,
a lenda da fonte da eterna juventude, vulgarmente conhecida como Eldorado.
(Que não ficava exatamente na Venezuela,
como poderão pensar os vaidosos de hoje
tendo em vista o resultado de mágico rejuvenecimento,
que se vê em quem veraneia por lá. Pitangui fez mesmo escola...)
É mais ou menos assim a versão original:
Havia uma princesa que não envelhecia.
Ela já havia se casado muitas vezes.
Seus maridos iam recebendo rugas, cãs brancas, juntas rijas e memória fraca,
vista curta e gengivas longas, raciocínio e metabolismo prejudicados
mas a princesa continuava fagueiríssima.
Fresca como o orvalho da manhã.
Pela enésima vez ela deve se casar.
Escolhe como marido um rapaz muito jovem dentre os da sua corte:
pele morena, músculos no lugar, dentes brilhantes, olhar vivaz,
farta cabeleira negra e lisa, que ele prendia numa tira trançada de capim cheiroso
Ele tinha constante interesse em aprender,
grande disposição pra descobrir o mundo,encantava-se ao conhecer pessoas...
Seu desempenho nos jogos era perfeito e sua resistência quase ilimitada.
Ele se sentia muito orgulhoso por ser o paradigma da juventude saudável.
O casal era visto em todos os lugares da moda, caros e exclusivos,
faziam cruzeiros carregando uma entourage enorme, frequentavam resorts,
eram vistos mostrando-se bem felizes nas festas importantes,
dançando até a orquestra exaurir-se de tocar.
Foi assim por muito tempo até que ele percebe
que a passagem dos anos é vista em sua própria aparência
enquanto a princesa continua louçã.
Não disposto a perder seus atributos de encanto
ele decide descobrir que segredo é esse, que a princesa esconde tão direitinho,
que a mantém jovem enquanto a idade começa a pesar nos ombros do muchacho.
Ele a segue determinado e desconfiadíssimo
até ver que ela sobe uma encosta
de um monte qualquer dos Andes, perdendo-se na vegetação.
Ele se confunde nas veredas, enlameia-se até os joelhos,
lanha-se nos galhos que não enxerga, no rumo do seu rosto e corpo,
pra não perder a mulher de vista
assim descobre que ela se banha num poço formado pela junção de vários regatos
que descem a montanha e que, naquele ponto,
encontram um olho d'água que oferece água cristalina e quente.
Ele deduz que aquele banho misterioso é responsável pela louçania da esposa
e começa a se valer desse spa tão eficaz.
Um dia ele se distrai e é surpreendido pela princesa, antes mesmo de
se refestelar na bacia de pedra,
bravíssima por ver seu banho conspurcado por outrem,
ela grita assustando a passarada e provocando eco nas montanhas
"Jurasí, jurasí!"
que significa fervente, fervente!
a fonte ferve e cozinha o marido incauto.
A água nunca mais deixou de ser fervente
e a princesa perdeu, para sempre, seu banho de beleza.
Deve ser por isso que a espanholada não encontrou o Eldorado,
que aliás é uma outra história
que eu pretendo contar "con quel che resta della mia giventù"
foi assim... até já!
ela voltouuuuuuuuuuuuuu, ebaaaaaaaaaaaaaaa!
ResponderExcluirOlá Bela
ResponderExcluirVoltei pra rever os amigos que um dia,eu deixei a chorar de alegria...(pela partida?) Nunca entendi bem esse verso.
Obrigada querida,é sempre uma alegria esaa sua torcida.