Claro que ele é o meu preferido, embora haja um montão de deuses que sequer foram citados, eu volto ao Baccho, O Louro, tão belo, tão blasê, tão festeiro, sempre e sempre...
Então Dionisos se enamorou.
Foi a descoberta de um amor absoluto e eterno.O primeiro amor.
Eram os dois jovens e alegres, fortes e plenos de sonhos e intenções...
Nas leituras que fazemos, parece-nos que Dionisos estava mais encantado, era mais apaixonado;
como ter certeza disso se ele costumava ser por demais intenso em tudo o que lhe acometia?.
Pois bom:
Dionisos costumava jogar com os sátiros lá pelas bandas da Lídia.
(aqueles homens altos, de longas pernas de bode
e caras magras e compridas, de cavanhaque pontudo sobre o queixo ídem,
que dominavam as artes musicais,
e acompanhavam o séquito ruidoso de Dionisos,
compondo e tocando seus instrumentos )
Eles tem o tipo do Clark Gable " no vento levou" ou
o Errol Fline em todos os capespada, sá comé?.
Pois bom:
Entre eles havia um rapaz
cujo qual era observado por Dionisos atentamente.
O deus admirava seus longos cabelos esparramados sobre os ombros e peito,
o cor de rosa nacarado de sua pele, que tinha luz própria,
a força de seus membros a imobilizar os adversários nas lutas,
a gargalhada sonora, o olhar de descoberta, as mãos ágeis, o cheiro doce e acre.
Ampelo é desejado pelo deus que anseia que o rapaz
lutasse só com ele, jogasse só com ele,
fosse seu companheiro de folguedos e dos momentos graves.
E assim se fez.
Dionisos adorava quando nas lutas, eles se entrelaçavam,
e nas corridas eles se abalrroavam e rolavam na relva,
e adorava quando iam pro rio banhar-se
e o sol se filtrava nos cabelos do Ampelo
e se desdobrava em cores, sobre a pele do Ampelo nu.
Numa ocasião, um presságio divide Dionisos em duas reações antagônicas,
ele sofre desesperadamente e ri descontrolado:
Pois bom:
Numa fantasia,ele vê um dragão de chifres longos e agudos,
depositar numa pedra, um cabrito que trouxera inerte nos ombros.
Nessa pedra fica uma poças de sangue,
que o cabrito derrama quando,
o dragão lhe crava os chifres.
Devido a essa visão, o deus recomenda a Ampelo
que este poderia se acercar de qualquer animal que desejasse
menos dos touros com seus chifres
Ampelo não entendeu bem a advertência
e estando só, encontrou um touro entre as rochas,
acariciou seus chifres, amansando-o
e montou em sua garupa
mas uma mosca põe-se a picar a animalia, que corcoveia descontroladamente,
o moscardo fora enviado por Selene; lembra?,
a mãe do Dionisos, que está enciumadíssima
Vê que a fama das sogras se estabeleceu em tempos (e razões) ancestrais...
Pois bom:
Ampelo cai da montaria, rola pelo chão e é chifrado inúmeras vezes pelo touro, morrendo assim.
Dionisos não consegue lamentar o amado.
Não fora feito para prantear.
Não era afeito às lágrimas.
Um dos presentes ao velório, assistindo à sua dor, recomenda lhe um novo amor.
" Só isso fará acalmar seu coração"
Dionisos não consegue, nesse momento, olhar noutra direção.
O deus quer somente seu amado de volta.
Sabe que sendo um deus não poderá seguir o jovem ao Hades.
Um deus imortal...isso é o que ele é.
Ampelo é transformado em videira: a dor de Dionisos.
O pranto de Dionisos, as lágrimas de Dionisos,
são convertidas no fruto da videira, as uvas
têm a forma de pingos, de gotas, né não?
a frutinha que refaz a cor nacarada, rósea, do Ampelo.
e quando espremida com os dedos,
liberta sobre o braço divino o sumo acre adocicado.
.
Foi assim! até já...
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
O tempo perguntou pro tempo...
Estava bom demais aquele friosinho dos últimos dias... Já voltou esse calorão
i n s u p o r t á v e l.
i n s u p o r t á v e l.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Ano Novo
Vocês já se deram conta que o mês de janeiro acabou?
Como é que a passagem do tempo virou a correria dos dias, o corredor das horas, o desabamento dos minutos?
Como é que a passagem do tempo virou a correria dos dias, o corredor das horas, o desabamento dos minutos?
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Brun
Eu a chamei Brunhilda.
Claro que em homenagem,
mais do que declarada,
à valquíria mais velha dentre as irmãs gêmeas,
que o Wagner decidiu por estabelecer que eram nove.
Tantas quantas eram as musas.
Ela veio pra ser amiguinha do Bolívar.
Um pastor alemão preto, imenso, forte,
de maus bofes, voluntarioso e belíssimo,
que a Fal havia me dado.
Eu trabalhava por muitas horas naquele tempo
e fiquei definitivamente preocupada
com a solidão que o Bolívar
enfrentaria na chácara todos os dias.
Inclusive aos sábados e domingos e feriados.
Cães foram inventados
para caminhar com o ser humano.
Se houver mato melhor. Se houver perigo.
Se estiver escuro, ou topografia acidentada.
Só quem já andou com cães amassando barro,
procurando algum filhote perdido,
vasculhando um ruído estranho,
perseguindo uma ratazana,
precisando de guia para se orientar no escuro;
sabe o que esse companheiro inestimável oferece de segurança.
Pois bom, a Brun chegou pro Bolívar não ficar só.
De lambugem andaria comigo à beira do lago
e se deitaria aos meus pés
enquanto eu estivesse preparando aula,
estudando, cozinhando, ou
estaria sentada no banco do passageiro
enquanto eu dirigisse (naquele tempo podia)
Eu havia dito ao meu filho Pedro
que fosse ao canil comprar uma fêmea,
porque eu sei que machos adultos
são danados pra brigar.
Pedi que fosse uma boa fêmea..
"Olhe os jarretes" ,eu disse-
"Verifique a insersão das orelhas,
perceba a profundidade do céu da boca,
veja se tem reconhecimento
da Sociedade Brasileira de Cães Pastores Alemães,
dê um estalo forte perto dela
pra ver se ela é medrosa, procure ver os pais"....
Recomendações excessivas,
já que ele sabia tudo.
Crescera cercado por pastores.
Aprendera a andar levado por uma pastora.
Fora acordado por um pastor todas as manhãs da sua vida.
Lá foi o Pedro com um cheque em branco
e uma solene missão.
À noite ele foi me buscar no consultório.
A Fal já tinha chegado
na expectativa de conhecer
a pastorinha de quatro meses,
idade que eu exigira.
Já que eu não teria
como cuidar de um bebê de cachorro,
ela teria que ser
um pouco mais velha
para estar totalmente vacinada.
Pedro estacionou na rua.
O estacionamento do consutório
era só para um carro por casa.
Percorreu todo o pátio da vila
com a cadela na trela,
tímida, literalmente arrastada.
Entrou na saleta de espera e... surpresa:
era o pior espécieme de pastor alemão
que eu já havia visto.
Magérrima, sem porte,
orelhas caidas, sem orgulho,
desenxavidíssima!
"Pedrão,
porque você me trouxe esse bicho horroroso?"
-perguntei bravíssima
"Com quatro meses só tinha esta
e a irmã dela!" -ele me respondeu.
"A irmã dela também era assim ruim?
"Então não me trouxesse nenhuma!"
-eu retruquei bem azeda.
"Não!A irmã dela era grandona, alegre"...
-ele afirma olhando nos meus olhos
"mas se eu não trouxesse esta, ninguem ia querer, mamãe".
-ele me falou com a voz mais penalizada do mundo
E foi assim que eu recebi o melhor cão
de toda a minha longa vida.
Por conta dela, anos mais tarde,
ele me deu o livro Mulheres que Correm com Lobos.
Outra grande escolha!.
Até já!
Claro que em homenagem,
mais do que declarada,
à valquíria mais velha dentre as irmãs gêmeas,
que o Wagner decidiu por estabelecer que eram nove.
Tantas quantas eram as musas.
Ela veio pra ser amiguinha do Bolívar.
Um pastor alemão preto, imenso, forte,
de maus bofes, voluntarioso e belíssimo,
que a Fal havia me dado.
Eu trabalhava por muitas horas naquele tempo
e fiquei definitivamente preocupada
com a solidão que o Bolívar
enfrentaria na chácara todos os dias.
Inclusive aos sábados e domingos e feriados.
Cães foram inventados
para caminhar com o ser humano.
Se houver mato melhor. Se houver perigo.
Se estiver escuro, ou topografia acidentada.
Só quem já andou com cães amassando barro,
procurando algum filhote perdido,
vasculhando um ruído estranho,
perseguindo uma ratazana,
precisando de guia para se orientar no escuro;
sabe o que esse companheiro inestimável oferece de segurança.
Pois bom, a Brun chegou pro Bolívar não ficar só.
De lambugem andaria comigo à beira do lago
e se deitaria aos meus pés
enquanto eu estivesse preparando aula,
estudando, cozinhando, ou
estaria sentada no banco do passageiro
enquanto eu dirigisse (naquele tempo podia)
Eu havia dito ao meu filho Pedro
que fosse ao canil comprar uma fêmea,
porque eu sei que machos adultos
são danados pra brigar.
Pedi que fosse uma boa fêmea..
"Olhe os jarretes" ,eu disse-
"Verifique a insersão das orelhas,
perceba a profundidade do céu da boca,
veja se tem reconhecimento
da Sociedade Brasileira de Cães Pastores Alemães,
dê um estalo forte perto dela
pra ver se ela é medrosa, procure ver os pais"....
Recomendações excessivas,
já que ele sabia tudo.
Crescera cercado por pastores.
Aprendera a andar levado por uma pastora.
Fora acordado por um pastor todas as manhãs da sua vida.
Lá foi o Pedro com um cheque em branco
e uma solene missão.
À noite ele foi me buscar no consultório.
A Fal já tinha chegado
na expectativa de conhecer
a pastorinha de quatro meses,
idade que eu exigira.
Já que eu não teria
como cuidar de um bebê de cachorro,
ela teria que ser
um pouco mais velha
para estar totalmente vacinada.
Pedro estacionou na rua.
O estacionamento do consutório
era só para um carro por casa.
Percorreu todo o pátio da vila
com a cadela na trela,
tímida, literalmente arrastada.
Entrou na saleta de espera e... surpresa:
era o pior espécieme de pastor alemão
que eu já havia visto.
Magérrima, sem porte,
orelhas caidas, sem orgulho,
desenxavidíssima!
"Pedrão,
porque você me trouxe esse bicho horroroso?"
-perguntei bravíssima
"Com quatro meses só tinha esta
e a irmã dela!" -ele me respondeu.
"A irmã dela também era assim ruim?
"Então não me trouxesse nenhuma!"
-eu retruquei bem azeda.
"Não!A irmã dela era grandona, alegre"...
-ele afirma olhando nos meus olhos
"mas se eu não trouxesse esta, ninguem ia querer, mamãe".
-ele me falou com a voz mais penalizada do mundo
E foi assim que eu recebi o melhor cão
de toda a minha longa vida.
Por conta dela, anos mais tarde,
ele me deu o livro Mulheres que Correm com Lobos.
Outra grande escolha!.
Até já!
Jurasí
Experimento uma certa dificuldade com os deuses egípcios e hindús.
A teogonia deles é intrincada demais para os meus parcos neurônios,
já desgastados, neste ato da ópera.
A Mitologia Latininoamericana, no entanto, traz alegria ao meu desgastado coração.
Claro que não caiu do céu por descuido,
a lenda da fonte da eterna juventude, vulgarmente conhecida como Eldorado.
(Que não ficava exatamente na Venezuela,
como poderão pensar os vaidosos de hoje
tendo em vista o resultado de mágico rejuvenecimento,
que se vê em quem veraneia por lá. Pitangui fez mesmo escola...)
É mais ou menos assim a versão original:
Havia uma princesa que não envelhecia.
Ela já havia se casado muitas vezes.
Seus maridos iam recebendo rugas, cãs brancas, juntas rijas e memória fraca,
vista curta e gengivas longas, raciocínio e metabolismo prejudicados
mas a princesa continuava fagueiríssima.
Fresca como o orvalho da manhã.
Pela enésima vez ela deve se casar.
Escolhe como marido um rapaz muito jovem dentre os da sua corte:
pele morena, músculos no lugar, dentes brilhantes, olhar vivaz,
farta cabeleira negra e lisa, que ele prendia numa tira trançada de capim cheiroso
Ele tinha constante interesse em aprender,
grande disposição pra descobrir o mundo,encantava-se ao conhecer pessoas...
Seu desempenho nos jogos era perfeito e sua resistência quase ilimitada.
Ele se sentia muito orgulhoso por ser o paradigma da juventude saudável.
O casal era visto em todos os lugares da moda, caros e exclusivos,
faziam cruzeiros carregando uma entourage enorme, frequentavam resorts,
eram vistos mostrando-se bem felizes nas festas importantes,
dançando até a orquestra exaurir-se de tocar.
Foi assim por muito tempo até que ele percebe
que a passagem dos anos é vista em sua própria aparência
enquanto a princesa continua louçã.
Não disposto a perder seus atributos de encanto
ele decide descobrir que segredo é esse, que a princesa esconde tão direitinho,
que a mantém jovem enquanto a idade começa a pesar nos ombros do muchacho.
Ele a segue determinado e desconfiadíssimo
até ver que ela sobe uma encosta
de um monte qualquer dos Andes, perdendo-se na vegetação.
Ele se confunde nas veredas, enlameia-se até os joelhos,
lanha-se nos galhos que não enxerga, no rumo do seu rosto e corpo,
pra não perder a mulher de vista
assim descobre que ela se banha num poço formado pela junção de vários regatos
que descem a montanha e que, naquele ponto,
encontram um olho d'água que oferece água cristalina e quente.
Ele deduz que aquele banho misterioso é responsável pela louçania da esposa
e começa a se valer desse spa tão eficaz.
Um dia ele se distrai e é surpreendido pela princesa, antes mesmo de
se refestelar na bacia de pedra,
bravíssima por ver seu banho conspurcado por outrem,
ela grita assustando a passarada e provocando eco nas montanhas
"Jurasí, jurasí!"
que significa fervente, fervente!
a fonte ferve e cozinha o marido incauto.
A água nunca mais deixou de ser fervente
e a princesa perdeu, para sempre, seu banho de beleza.
Deve ser por isso que a espanholada não encontrou o Eldorado,
que aliás é uma outra história
que eu pretendo contar "con quel che resta della mia giventù"
foi assim... até já!
A teogonia deles é intrincada demais para os meus parcos neurônios,
já desgastados, neste ato da ópera.
A Mitologia Latininoamericana, no entanto, traz alegria ao meu desgastado coração.
Claro que não caiu do céu por descuido,
a lenda da fonte da eterna juventude, vulgarmente conhecida como Eldorado.
(Que não ficava exatamente na Venezuela,
como poderão pensar os vaidosos de hoje
tendo em vista o resultado de mágico rejuvenecimento,
que se vê em quem veraneia por lá. Pitangui fez mesmo escola...)
É mais ou menos assim a versão original:
Havia uma princesa que não envelhecia.
Ela já havia se casado muitas vezes.
Seus maridos iam recebendo rugas, cãs brancas, juntas rijas e memória fraca,
vista curta e gengivas longas, raciocínio e metabolismo prejudicados
mas a princesa continuava fagueiríssima.
Fresca como o orvalho da manhã.
Pela enésima vez ela deve se casar.
Escolhe como marido um rapaz muito jovem dentre os da sua corte:
pele morena, músculos no lugar, dentes brilhantes, olhar vivaz,
farta cabeleira negra e lisa, que ele prendia numa tira trançada de capim cheiroso
Ele tinha constante interesse em aprender,
grande disposição pra descobrir o mundo,encantava-se ao conhecer pessoas...
Seu desempenho nos jogos era perfeito e sua resistência quase ilimitada.
Ele se sentia muito orgulhoso por ser o paradigma da juventude saudável.
O casal era visto em todos os lugares da moda, caros e exclusivos,
faziam cruzeiros carregando uma entourage enorme, frequentavam resorts,
eram vistos mostrando-se bem felizes nas festas importantes,
dançando até a orquestra exaurir-se de tocar.
Foi assim por muito tempo até que ele percebe
que a passagem dos anos é vista em sua própria aparência
enquanto a princesa continua louçã.
Não disposto a perder seus atributos de encanto
ele decide descobrir que segredo é esse, que a princesa esconde tão direitinho,
que a mantém jovem enquanto a idade começa a pesar nos ombros do muchacho.
Ele a segue determinado e desconfiadíssimo
até ver que ela sobe uma encosta
de um monte qualquer dos Andes, perdendo-se na vegetação.
Ele se confunde nas veredas, enlameia-se até os joelhos,
lanha-se nos galhos que não enxerga, no rumo do seu rosto e corpo,
pra não perder a mulher de vista
assim descobre que ela se banha num poço formado pela junção de vários regatos
que descem a montanha e que, naquele ponto,
encontram um olho d'água que oferece água cristalina e quente.
Ele deduz que aquele banho misterioso é responsável pela louçania da esposa
e começa a se valer desse spa tão eficaz.
Um dia ele se distrai e é surpreendido pela princesa, antes mesmo de
se refestelar na bacia de pedra,
bravíssima por ver seu banho conspurcado por outrem,
ela grita assustando a passarada e provocando eco nas montanhas
"Jurasí, jurasí!"
que significa fervente, fervente!
a fonte ferve e cozinha o marido incauto.
A água nunca mais deixou de ser fervente
e a princesa perdeu, para sempre, seu banho de beleza.
Deve ser por isso que a espanholada não encontrou o Eldorado,
que aliás é uma outra história
que eu pretendo contar "con quel che resta della mia giventù"
foi assim... até já!
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Uma cidade querida, um amigo querido
Niver de São Paulo. Parabens cidade maltratadinha!
Pedro Miguel foi um amigo queridíssimo.
Quando a Bi era bebê,
nós íamos aos shows dele e a levávamos numa cestinha,
depois foi a vez do Pedrão
Na verdade,
eu namorei tendo sua voz macia
embalando nossos encontros e me
consolando nos arrufos.
até já!
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