sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Situações

A cidade foi construida há priscas eras na cratera de um vulcão.
Foi frequentada pela corte portuguesa,
a concentração de enxofre de suas águas é tal.
A população flutuante é x e no inverno x+y.
A altitude do pico mais alto é de tantos metros
e o volume d'água de cada uma das cachoeiras
é comparável a uma quantidade enorme de caixas d'água por aí a fora.

Nada disso define uma cidade.
Isso é conversinha de guia feita pra você esquecer daí a meia hora.

O cotidiano de cada grupo e a rotina de cada pessoa é que explicam um lugar.

Levantar-se, dar café pra família,
encarar o dia de trabalho, ir e vir da empresa,
sentar-se à noite e  jantar, o que assiste na televisão,
que comentários faz, o que ocupa seu tempo,
sua atenção, suas finanças, seus olhos e ouvidos,
o que lhe arranca suspiros ou muxoxos..

A citações  de guerra costumam exibir as batalhas,
suas sequências e consequências.
Claro, são esses episódios os responsáveis pela vitória ou derrota do tal embate.

A impressão que se tem é que só fatos monumentais propõe a vida.

Ninguém se lembra da população comum
que continua envolvida nas suas tarefas vulgares,
dormindo à cada noite e acordando todas as manhãs
numa mesmidade beirando o tédio,
sem possibilidade de sair do apelo da vida,
que  os obriga a viver e continuar a despeito
do cenário, dos bombardeios, das fardas amassadas
mal cobrindo a empáfia dos invasores...

Nada não!
É que o moço da padaria veio entregar os víveres e eu não pude evitar estas considerações inúteis.

                                               até já!

4 comentários:

  1. inútil, nada! me lembrou "perguntas de um operário que lê", de brecht...
    Quem construiu a Tebas das sete portas?
    Nos livros constam os nomes dos reis.
    Os reis arrastaram os blocos de pedra?
    E a Babilônia tantas vezes destruída
    Quem ergueu outras tantas?
    http://www.culturabrasil.org/brechtantologia.htm#Perguntas De Um Operário Que Lê.

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  2. Essa semana eu estou um tanto pensativo na minha antiga cidade, Marli.

    Algo não me permite fechar o diagnóstico sobre o que os estudantes afinal querem.

    Não consigo ficar tranquilo com policial enfrentando estudante com cacetete, não importa quão desmiolados fique sugerido que os mesmos sejam (no caso os estudantes, que policial desmiolado é o que nunca faltou arrebentando moleque na USP).

    Contrariando opiniões em geral achei esse aqui:

    http://mariafro.com.br/wordpress/2011/11/06/a-gente-nao-quer-a-policia-fora-do-campus-a-gente-quer-a-policia-fora-do-mundo/

    bjs

    Pedrao

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  3. Olá Pedrão Sei que não responde ao seu coração mas a próxima postagem (Mea Culpa) mostra, Uspeana que sou, como venho me sentindo a respeito desse impasse.

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  4. Olá Eloísa Maranhão gentil querida,
    Eu fui lá, eu li e achei muito mas muito generosa sua interferência fazendo-me referir Brecht.

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Olá, deixe seu recado para mim :o) Um beijo, Maliu